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Glase: “É o casamento das fintech com a banca que traz a solução ideal para o consumidor”

João Pedro Duarte, ‘country manager’ da Glase em Portugal, disse ao Jornal Económico que ainda há “alguma resistência” por parte dos utilizadores portugueses em se deslocarem às lojas e pagarem com telefone. “Já há mais players. Acho que todos esperámos que o mercado andasse um pouco mais rápido”, afirma. A empresa quer quadruplicar o número de adesões num ano e vai disponibilizar serviços na área de crédito.
21 Maio 2018, 07h00

A Glase Fintech quer quadruplicar o número de novos clientes em apenas um ano e vai disponibilizar serviços na área de crédito com o apoio da banca nacional. Em entrevista ao Jornal Económico, o country manager da Glase em Portugal afirma que os portugueses gostam de sentir que o seu dinheiro está 100% protegido e ainda são resistentes à mudança, o que acaba por ser um travão aos novos players.

João Pedro Duarte considera que “as fintech trazem rapidez e inovação como a banca não consegue fazer” e, por outro lado, “a banca tem a confiança e a sustentabilidade”. “É o casamento entre as duas que traz a solução ideal para o consumidor”, diz. A seu ver, as partes vão trabalhar cada vez mais em conjunto, daí a aposta dos bancos no apoio a startups e a concursos de inovação. A própria Glase está a caminhar no sentido de oferecer um conjunto de serviços na área de crédito, em que terá de ser um banco a suportar a solução.

“Para nós, a PSD2 [Diretiva Europeia de Serviços de Pagamento da União Europeia] é uma oportunidade muito interessante. Se calhar as grandes entidades financeiras podem sentir-se um pouco ameaçadas pela entrada de outros intervenientes na área dos pagamentos e da consulta de dados financeiros. No fim, ganha o consumidor, que vai ter maior escolha e menor custo”, assegura o mesmo responsável.

Apesar de, comparativamente a outros países na Europa, Portugal não ser dos mais retrógrados, João Pedro Duarte confessa que todos os players neste setor esperavam que o mercado andasse mais rápido. “Está a andar por funcionalidades. O contactless está a entrar agora. As grandes superfícies permitem, alguns restaurantes também, mas não é possível em todos os sítios (…). Ainda está a haver alguma resistência por parte dos utilizadores em ir a uma loja e pagar com telefone em vez de um cartão”, refere o porta-voz da solução de pagamento móvel.

João Pedro Duarte trouxe o grupo Seqr para Portugal em meados de 2014 e, durante o primeiro ano, dedicou-se a estabelecer parcerias com softwares integradores para os estabelecimentos nos quais se iriam inserir. No mês passado, a Glase comprou o Seqr e a sua aplicação de pagamento móvel.

Segundo adiantou ao semanário, com o rebranding e a mudança de abordagem ao mercado, o objetivo é “quadruplicar o número de utilizadores no período de um ano”, pelo que seguirão uma “estratégia agressiva de Marketing, B2C e também B2B com os parceiros de comércio”, entre os quais se encontra a Mastercard, para contactless e e-commerce, a Eurest – Sociedade Europeia De Restaurantes, a Universidade Católica Portuguesa ou o grupo Starfoods, dono das marcas Loja das Sopas, Companhia, Basilico e Selfish.

A app dá a hipótese de realizar transferências até 100 euros e de transferir dinheiro entre os 14 países nos quais está presente – Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Holanda, Espanha, Suécia, Reino Unido –, em diferentes moedas. O foco é o local onde o utilizador paga muitas vezes, nomeadamente a restauração e o retalho: “Queremos posicionar a nossa solução para transferências entre pessoas que vão almoçar, um paga o almoço e cada um transfere a sua parte (…). Temos dois grandes posicionamentos: os restaurantes e os supermercados. É onde as pessoas vão várias vezes fazer pagamentos de baixo e/ou médio valor”.

A Glase acredita que este tipo de pagamentos é uma mais-valia no mercado vertical das máquinas de venda automática e nos parqueamentos, uma vez que resolve o problema da falta de moedas na carteira dos portugueses. Na opinião do country manager, Portugal precisa de sentir segurança e conforto nas transações, o que “leva o seu tempo” e advém das próprias empresas de sistemas de pagamentos.

“[A empresa] tem de ser conhecida ou estar associada a entidades ou marcas conhecidas. Vai-se construindo”, argumenta. Questionado sobre como as fintech competem com grandes empresas de pagamentos, que também disponibilizam estes sistemas, João Pedro Duarte refere que hoje em dia o mercado impõe que os operadores sejam “concorrentes e parceiros”. “Sou concorrente dos cartões Mastercard quando pago mas sou parceiro quando utilizo uma tecnologia Mastercard para fazer um pagamento contactless”, exemplifica.

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