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Goldman Sachs alerta para alastramento da inflação na zona euro e prevê mais 75 pontos nos juros em outubro

A pressão nos preços do bloco da moeda única dá sinais de se alastrar a vários sectores, levando o banco de investimento a rever em alta a sua projeção para a inflação subjacente em 2023. Reunião de outubro do BCE deve trazer nova subida de 75 pontos base, acrescenta.
26 Setembro 2022, 18h15

A Goldman Sachs prevê que o Banco Central Europeu (BCE) opte por nova subida dos juros em 75 pontos base (p.b.) na reunião de outubro, para quando está projetado um pico na inflação adjacente da zona euro de 5,0%. Numa nota desta segunda-feira, o banco de investimento destaca as pressões inflacionistas que se deverão agravar do lado salarial no próximo ano, admitindo que 2022 feche com as taxas de referência acima de 2,25%, a sua atual projeção.

A análise do banco norte-americano aponta para um pico de 5,0% na inflação core, que elimina as categorias energética e alimentar, onde a volatilidade é maior. Na mesma linha, a projeção para este subindicador no final de 2023 ano foi revista em alta, passando de 2,7% para 2,9% e dando força à possibilidade de aumentos expressivos nas próximas reuniões, tal como sucedeu na de setembro.

“A nossa análise aponta para um arrefecimento mais lento das pressões subjacentes em 2023: enquanto a inflação nos bens deve abrandar significativamente a partir do segundo trimestre, a inflação nos serviços deve continuar a aumentar durante o ano”, pode-se ler na nota divulgada esta segunda-feira.

A pressão nos preços da zona euro tem-se vindo a alargar a vários sectores, destaca a Goldman Sachs, apontando à mais recente leitura da inflação, que mostra acelerações em categorias core de bens e serviços.

Em particular, os bens duradouros têm mostrado um atraso na evolução de preços em relação a outras economias desenvolvidas, como os EUA. Acresce que a evolução de preço nesta categoria é determinada sobretudo por fatores globais e não regionais, sublinha a Goldman Sachs, o que permite antecipar que a inflação nesta categoria se venha a manter por alguns meses.

Ainda assim, alguns indicadores, como o índice de gestores de compras (PMI), começam a dar sinais de algum abrandamento, o que deverá significar um alívio nos preços a partir do próximo ano.

Do lado dos serviços, o impulso dado pela reabertura das economias, embora decrescente, continua a verificar-se, o que se traduz em mais pressão do lado da procura. Ainda assim, é expectável um aumento do desemprego com o abrandamento da atividade económica europeia, o que poderá aliviar parcialmente o crescimento salarial esperado para 2023, com a projeção do banco norte-americano a apontar para um pico de 4,5%.

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