A Goldman Sachs projeta uma recessão na zona euro no segundo semestre do ano, face à deterioração de perspetivas económicas, à medida que a inflação continua a subir, a possibilidade de racionamento de gás natural se torna mais provável e se perde o ímpeto dado pela reabertura da economia depois das restrições pandémicas.
O banco norte-americano projeta agora que o terceiro trimestre feche com uma contração de 0,1%, à qual se seguirá nova redução do PIB no trimestre final do ano, de 0,2%.
Os valores dos índices de gestores de compras (PMI) divulgados em julho pintam um cenário negro na economia da moeda única, motivado sobretudo por uma queda esperada do crescimento alemão. Este será causado por um enfraquecimento da atividade industrial, mas também por um abrandamento da recuperação dos serviços, que vinham mostrando uma vitalidade acrescida com o levantamento da maioria das regras de contenção Covid-19.
A isto acresce a questão da energia, com a dependência do gás natural russo a apresentar-se como uma vulnerabilidade para a economia europeia.
O Goldman Sachs estima que um fluxo de 40% dos fornecimentos previstos de gás vindos da Rússia representará “um atraso substancial” na capacidade produtiva da zona euro, ao passo que um corte para 20% do fluxo ou até mesmo uma interrupção total do abastecimento levará a “uma recessão aguda” estimada entre 1,2% e 1,7% do PIB.
Para Alemanha e Itália, este cenário seria particularmente gravoso, com perdas projetadas de 1,7% a 3,2% no caso germânico e de 2,6% a 4,1% para Itália.
A inflação é vista como outro risco, tendo também já levado a um apertar das condições monetárias pelo Banco Central Europeu, algo que pesará no tecido produtivo europeu.
A normalização da política monetária na zona euro pode aprofundar a recessão estimada pelo Goldman Sachs, alerta o banco, bem como despoletar uma nova crise das dívidas soberanas, embora neste último capítulo a criação do mecanismo antifragmentação confira alguma segurança.