O Governo português vai reabrir em breve a sua embaixada em Kiev, capital da Ucrânia, seguindo assim o exemplo de alguns países – que nas últimas semanas decidiram regressar, como mais uma forma explícita de apoio, ao país, num momento em que a invasão russa não dá qualquer mostra de abrandamento.
A abertura da embaixada foi revelada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, durante a audiência da Comissão Conjunta das Finanças, Economia e Negócios Estrangeiros – no âmbito do debate em torno do Orçamento do Estado para 2022.
Cravinho não quis, contudo, comprometer-se com uma data: a reabertura dar-se-á “no momento certo”, disse. Antes disso, seguira para Kiev uma “equipa que vai procurar as condições de segurança” necessárias para que essa reabertura seja feita. Mas o ministro não quis revelar, “por razões de segurança”, que tipo de espaço irá ser procurado pela equipa.
Cravinho revelou ainda que o primeiro-ministro, António Costa, prevê visitar pessoalmente a Ucrânia – sem que haja para já uma data, ao menos indicativa. Para João Gomes Cravinho, “a data não está fechada” e também não parece haver uma pressa na organização da visita. “A Ucrânia não tem qualquer dúvida sobre a solidariedade de Portugal” face ao povo ucraniano nem em relação à posição face a a Moscovo, pelo que, “apesar do mediatismo destas visitas”, não há nenhuma pressão relativa à sua realização.
A Comissão reuniu a propósito do Orçamento do Estado, mas os deputados presentes fizeram derivar o grosso do debate para questões que tinham diretamente a ver com a Ucrânia e com a invasão russa. Gomes Cravinho mostrou-se pouco aberto a acrescentar pormenores àquilo que se vai sabendo ao cabo de mais de seis dezenas de dias de guerra.
Quanto ao orçamento propriamente dito, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que “a proposta do Governo é [no caso deste Ministério] de continuidade” e não de qualquer rutura. Apesar disso, frisou, há “um reforço orçamental” que considera suficiente para atender às necessidades da pasta que agora dirige, depois de na legislatura anterior ter liderado o Ministério da Defesa. A saída de Augusto Santos Silva, atual presidente do parlamento, abriu-lhe as portas do regresso à casa de onde é originário.
Mesmo assim, Gomes Cravinho especificou que uma das prioridades do seu ministério para o ano em curso é o do “reforço da rede consular” – que terá trabalho redobrado face aos serviços gerais que se foram acumulando no extenso período da pandemia de Covid-19.