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Gordon Brown pede ao G20 mais apoios para combater pandemia

“O vácuo deixado pela inatividade do G20 significa que as alocações do FMI e do Banco Mundial para os países mais pobres permanecerão uma fração do que eles disseram ser necessários”, apontou o antigo primeiro-ministro britânico num artigo de opinião publicado no ‘The Guardian’.
  • Gordon Brown
2 Junho 2020, 17h39

O novo coronavírus tem feito com que os governos e as grandes organizações disponibilizassem apoios monetários extraordinários aos países, mas o antigo primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown acusa o G20 de ‘desaparecer’ num artigo de opinião publicado no jornal britânico “The Guardian” esta terça-feira.

“Se o coronavírus atravessa todas as barreiras, também a guerra o deve fazer para vencê-lo”, escreve Gordon Brown, antes de acusar o G20, “que se apelida como o principal fórum internacional mundial de cooperação económica internacional”, de não estar presente quando é preciso coordenar respostas económicas específicas.

“Isto não é apenas uma abdicação da responsabilidade”, lê-se no texto do ex-primeiro-ministro britânico, “é, potencialmente, uma sentença de morte para os mais pobres do mundo, cujos cuidados de saúde requerem ajuda internacional e dos quais os países mais ricos dependem para impedir que uma segunda vaga da doença chegue”.

Com mais de 100 mil casos de Covid-19 diariamente em todo o mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) declarou, ainda no início da pandemia, que os países em desenvolvimento precisam de uma ajuda financeira de 2,5 biliões de dólares (cerca de 2,24 biliões de euros) para enfrentar esta doença. Já o G20 comprometeu-se a dar uma rápida resposta, mas a mesma não foi cumprida, critica o antigo líder político.

“O vácuo deixado pela inatividade do G20 significa que as alocações do FMI e do Banco Mundial para os países mais pobres permanecerão uma fração do que eles disseram ser necessários”, apontou Gordon Brown. “O fracasso do G20 em cumprir é ainda mais vergonhoso porque a resposta global deveria passar este mês da sua primeira fase, operação de regaste, para a segunda, um plano de recuperação abrangente”, escreve o antigo número 10.

Segundo os dados recolhidos por Gordon Brown, o mundo já perdeu mais de 300 milhões de empregos a tempo inteiro e “pela primeira vez este século, a pobreza está a aumentar, e três décadas da melhoria dos padrões de vida estão a inverter-se”. Um total de 420 milhões devem cair em pobreza extrema e 265 milhões enfrentam malnutrição.

Numa carta dirigida ao G20, assinada por 200 antigos líderes, é pedido um plano global de investimentos verdes, o alívio da dívida de 80 mil milhões de dólares (perto de 71,6 mil milhões de euros) dos 76 países mais pobres até ao fim de 2021, o fabrico em massa e distribuição igual de uma vacina contra a Covid-19 universal e livre e o acesso do FMI às reservas de 35 mil milhões de dólares (aproximadamente 31 mil milhões de euros).

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