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Governo britânico quer pôr fim às descargas não tratadas no mar

Segundo a agência France-Presse, as empresas de distribuição de água deverão investir cerca de 56 milhões de libras (66 milhões de euros) para renovar o sistema de esgotos, de acordo com um plano do governo apresentado na sexta-feira.
27 Agosto 2022, 15h08

O governo britânico quer reduzir a zero as descargas de águas residuais não tratadas no mar até 2050, prevendo grande investimentos que se irão traduzir num aumento da fatura dos consumidores, disse hoje o ministro do Ambiente.

Segundo a agência France-Presse, as empresas de distribuição de água deverão investir cerca de 56 milhões de libras (66 milhões de euros) para renovar o sistema de esgotos, de acordo com um plano do governo apresentado na sexta-feira.

Trata-se de “revolucionar os sistemas de esgotos”, sublinhou George Eustice, entrevistado pela rádio BBC4, e citado pela AFP, ao referir que a situação atual, com cerca de 15.000 condutas a desaguar no mar, constitui “uma herança da infraestrutura vitoriana” do século XIX.

Este sistema permite que o esgoto não tratado possa ser descarregado em grandes quantidades no mar, principalmente quando os sistemas de evacuação estão saturados por chuvas violentas, como aconteceu na semana passada.

Em pleno verão, inúmeras praias do Reino Unido estão a ser interditas a banhos por risco sanitário.

Na sexta-feira, o presidente da região Hauts-de-France (norte da França), Xavier Bertrand, alertou o governo francês para as descargas de águas residuais não tratadas, considerando uma “catástrofe ecológica”, que se tem vindo a agravar desde o Brexit.

George Eustice assegurou que o governo britânico, que aguarda a nomeação pelo Partido Conservador do sucessor de Boris Johnson até 5 de setembro, foi “o primeiro a abordar seriamente essa questão”.

“A razão pela qual esta decisão foi adiada por sucessivos governos, trabalhistas e conservadores, durante décadas, é porque queríamos manter as faturas da água baixas, e podemos compreender isso”, justificou Eustice.

As empresas de distribuição de água deverão renovar, até 2035, as condutas que descarregam perto de áreas balneares, de acordo com o plano do governo e, mais tarde, renovarão outras até 2050.

O custo adicional para os consumidores até 2030 será de cerca de 12 libras (14 euros) por ano por família e de 42 libras (49 euros)até 2050.

A oposição liberal-democrata apelidou esse plano de “piada cruel” e estimou que ainda haverá 325.000 descargas de esgoto por ano em 2030, no mar, lagos ou rios.

A Comissão Europeia disse, quinta-feira, que responderá em breve às queixas dos eurodeputados sobre o assunto.

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