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Grandes Devedores: BES Angola gera 2,9 mil milhões de perdas ao Novo Banco

O BES Angola é o grande devedor responsável pelas maiores perdas do Novo Banco. Já no BCP e no BPI foi a Grécia a que mais perdas gerou. A Caixa e o Novo Banco são as instituições mais expostas aos grandes devedores, com perdas efetivas referentes à última ajuda pública, de 1,9 mil milhões e de 3,5 mil milhões de euros, respetivamente.
  • Cristina Bernardo
17 Julho 2019, 07h46

O BES Angola é o grande devedor do Novo Banco responsável por perdas de 2.941 milhões de euros. À data de referência de 30 de junho de 2018, esse é o “cliente 130” que o Jornal Económico conseguiu identificar, confirmando a informação que o Expresso avançou.

Recorde-se que o BES Angola passou a Banco Económico onde o Novo Banco é acionista minoritário com 9,72%.

A exposição ao BES Angola ainda somava 546 milhões de euros em 3o de junho de 2018, ainda assim abaixo da exposição original de 3.328 milhões. Este valor de prejuízo com o BES Angola justifica a maioria das perdas com grandes devedores que somam 3.542 milhões de euros na data de referência, em que recebeu ajuda do Estado através do Fundo de Resolução (cerca de 792 milhões de euros).

Mas o Novo Banco não tem só “outras perdas” de 3,5 mil milhões a reportar na lista do Banco de Portugal. Com os grandes devedores tinha a 30 de junho de 2018 mais 2.420 milhões de euros de imparidades para crédito.

O Banco Espírito Santo, que depois da resolução passa a Novo Banco, tinha a 31 de dezembro de 2014, 1.001 milhões de imparidades registadas com créditos a grandes devedores.

De salientar que as perdas por imparidades correspondem a uma estimativa de perdas à data de referência, calculadas de acordo com o normativo contabilístico aplicável, as quais são passíveis de reversão ou de aumento, caso se verifique, respetivamente uma melhoria ou deterioração das condições financeiras do devedor.

Já a rubrica “outras perdas”, refere-se ao valor agregado (dos devedores pertencentes a um mesmo grupo económico) relativas a medidas de reestruturação, ao desreconhecimento de exposições (por perdão, write-off, cessão a terceiros com desconto, ou medida similar) e à execução de garantias. Inclui perdas estimadas (para além da imparidade, reportada e perdas realizadas/definitivas registadas nos 5 anos anteriores à data de referência).

A Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco são as instituições mais expostas aos grandes devedores, com perdas efetivas referentes à última ajuda pública, de 1,9 mil milhões de euros e de 3,5 mil milhões de euros, respetivamente, revela o relatório do Banco de Portugal (BdP) divulgado esta terça-feira.

Já se sabia que lista não ia revelar a identidade dos grandes devedores, mas o BPI identificou o seu maior devedor gerador de perdas: o Estado grego.  Em comunicado o banco liderado por Pablo Forero refere que “a dívida grega explica cerca de 80% das perdas reportadas pelo BPI em 2011. “O valor agregado das perdas reportadas pelo BPI era de 508 milhões de euros. Este montante agregado inclui as perdas com os títulos de Dívida Pública Grega que, à data de referência (2011), ascendiam a 408 milhões de euros, representando 80% do total de perdas reportadas”.

Já no BCP, segundo confirmou o Jornal Económico, o Estado grego é também o maior devedor do banco, ao ter gerado perdas de 358 milhões de euros.

As participações em instrumentos de capital geraram perdas ao BCP de 1.152 milhões (dos quais 700 milhões só com a venda com perdas do banco na Grécia, sendo o restante com o banco na Roménia). Isto à data de referência da ajuda do Estado ao BCP que foi de 30 de junho de 2012.

Por identificar estão os clientes da CGD que em cada momento de referência de ajuda estatal geraram avultadas perdas. O banco regista em 30 de dezembro de 2007 uma perda com uma participação em instrumentos de capital de 427 milhões; outra em 31 de dezembro de 2018 de 526 milhões; outra em 20 de junho de 2009 de 605 milhões. Em 31 de dezembro de 2010 à uma perda em participações em instrumentos de capital de 36 milhões e outra de 108 milhões.

Em 30 de junho de 2012, quando recebe 900 milhões em CoCo´s do Estado, registava perdas efetivas com uma participação em instrumentos de capital de 290 milhões e de 208 milhões de euros.

Com grandes devedores as maiores perdas dão-se em 30 de junho de 2017, quando soma perdas com grandes clientes no montante de 1.334 milhões (para além de imparidades de 1.242 milhões). Só um dos clientes, nessa data de referência, provocou perdas de 542 milhões de euros; há outro que gerou perdas de 268 milhões; outro que dá perdas de 187 milhões e outro de 115 milhões.

Na mesma data, e em participações em instrumentos de capital, o banco do Estado regista perdas de 208 milhões com uma operação; 228 milhões com outra e ainda 101 milhões com outra. Ao todo as perdas com participações em capital somam nessa data 576 milhões. Devedores e participações em capital geraram perdas em junho de 2017 de um total de 1,91 mil milhões.

O relatório sobre os bancos que receberam ajuda pública nos últimos 12 anos disponibiliza informação “agregada e anominizada” sobre as grandes posições financeiras das instituições de crédito”. Os bancos cuja informação agregada foi divulgada são as instituições que recorreram a fundos públicos neste período: Caixa Geral de Depósitos, BES/Novo Banco, Banif, BPN, BCP e BPI.

Em causa estão posições financeiras de montante agregado superior a 5 milhões de euros, desde que igual ou superior a 1% do valor total dos fundos públicos mobilizados para essa instituição. Para cada uma das instituições foi definido o seguinte limite mínimo de posição financeira igual ou superior: para a CGD 62,5 milhões de euros, para o BPN 49,2 milhões de euros, para o BES/Novo Banco 43,3 milhões de euros, para o Banco Internacional do Funchal 33,6 milhões de euros, para o BCP 30 milhões de euros, para o BPI 15 milhões de euros e para o BPP 5 milhões de euros.

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