O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, disse hoje estar “consciente do dever” do governo grego de encontrar “uma solução” com os parceiros europeus, mas respeitando a exigência dos gregos de “não recuar” nos compromissos eleitorais.
A dois dias da reunião extraordinária do Eurogrupo sobre a Grécia em Bruxelas, Varoufakis disse encarar este encontro “mantendo presente o pedido do povo grego em não recuar e ao mesmo tempo o nosso dever de encontrar uma solução”.
O ministro das Finanças – que se dirigiu pela primeira vez ao parlamento no decurso do debate do programa de política geral do governo – assegurou que não iria a Bruxelas “nem como ‘yes man’ nem como ‘no man’, apenas como um cidadão europeu”, e notou que “o interesse de um europeu médio e de um grego médio” se confundem.
O ministro considerou que o plano proposto pela Grécia poderá reconciliar duas contradições aparentes: “as regras europeias” e o “mandato” confiado pelos eleitores ao governo da esquerda radical Syriza.
Para além de continuar a insistir num financiamento transitório, Varoufakis repetiu que a Grécia está preparada para cumprir “70% das reformas contidas no memorando existente”, numa referência às medidas de reestruturação da economia grega supervisionadas desde 2010 pelos credores internacionais em troca de auxilio financeiro.
Ao referir-se ao balanço da política da Europa desde 2008 para enfrentar a crise das dívidas soberanas, o ministro das Finanças frisou que o Banco central europeu “falhou” na sua principal missão que era limitar a inflação.
“Se o remédio fosse amargo mas eficaz, teríamos aceitado bebê-lo”, declarou o ministro, mas a poção era “tóxica. E continuam a pretendem que a bebamos”.
“Era necessário que alguém disse finalmente ‘não’, e isso coube à pequena Grécia”, concluiu Varoufakis.
OJE/Lusa