Os trabalhadores do sector dos componentes automóveis iniciaram uma greve contra as condições de trabalho das três grandes construtoras de Detroit – General Motors, Ford Motor e Chrysler – que ameaça transformar-se numa dor de cabeça para a administração democrata de Joe Biden.

A greve não está para já, segundo a imprensa norte-americana, a surtir qualquer efeito. A greve surgiu depois de os trabalhadores considerarem que as condições remuneratórias e de outras regalias não são compatíveis com as condições de vida, nomeadamente as que emanam do aumento das taxas de juro.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que espera uma solução rápida do diferendo e que é muito cedo para avaliar o impacto da greve. “É prematuro fazer previsões sobre o que isso significará para a economia. Vai depender de quanto tempo dura a greve e quem é afetado”, disse à CNBC.

Mas a vertente política deu-se depois de o ex-presidente dos Estados Unidos e provável candidato republicano às presidenciais de 2024, Donald Trump, ter decidio ‘intrometer-se’ no assunto. Trump planeia fazer um discurso em Detroit no próximo dia 27 de setembro para uma multidão de trabalhadores sindicalizados. Os analistas dizem que o futuro candidato vai usar o momento para chamar a atenção para o pouco cuidado que a administração Biden reserva para os trabalhadores do sector e para uma cidade que é um dos centros históricos das dificuldades da indústria norte-americana.

Segundo a imprensa, Trump vai mesmo faltar a um segundo debate presidencial republicano para estar em Detroit. Recorde-se que a intervenção do ex-presidente surge na sequência de declarações suas anteriores, em que criticou duramente as políticas de suporte aos veículos elétricos do presidente Joe Biden.

Para os analistas, o discurso aos sindicalistas é parte de uma intensa campanha de Trump para reconquistar parte dos eleitores da classe trabalhadora que desertaram e mudaram para as hostes democratas, ajudando à vitória de Biden em 2020.

O sindicato United Auto Workers entrou em greve na semana passada e embora Biden tenha sido sempre um apoiante aos sindicatos, algumas organizações de trabalhadores queixam-se de que os enormes lucros da indústria não estão a ter qualquer impacto senão para as administrações e para os acionistas.

A greve tem também uma profunda ressonância geográfica para as eleições gerais do próximo ano, porque muitos dos trabalhadores afetados residem em três Estados-chave – Michigan, Pensilvânia e Wisconsin – onde a corrida presidencial do próximo ano pode ser decidida. Recorda ainda a imprensa norte-americana.