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Greve dos motoristas: indústria de lacticínios quer ser incluída nos serviços mínimos

Caso não sejam tomadas as devidas medidas, corre-se o risco de terem que se destruir milhões de litros de leito no campo, o que pode ser desastroso a nível ambiental, alerta a ANIL -Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios.
2 Agosto 2019, 16h17

A Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL) “está manifestamente preocupada com o impacto e as consequências” que a greve anunciada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente de Motoristas Mercadorias (SIMM) – prevista iniciar a 12 de Agosto e prolongar-se por tempo indeterminado – “pode ter sobre o sector dos lacticínios” e “tudo tem feito no sentido de incluir o setor dos lacticínios nas medidas a adoptar pelo Governo, fixando os serviços mínimos e a requisição civil de motoristas, desde logo porque afeta a indústria nas suas diferentes operações: recolha do leite, sua transformação com recurso ao gás ou ao combustível e distribuição do produto para o mercado”.

“É enorme o impacto económico, ambiental e social que a greve anunciada pode vir a gerar”, adianta a ANIL em comunicado hoje divulgado, defendendo que “é premente que sejam tomadas medidas que garantam a continuação da laboração das unidades industriais e das operações necessárias à transformação e colocação de leite e dos produtos lácteos no mercado, bens rapidamente perecíveis e bens essenciais na alimentação de todos os grupos etários e grupos sociais do nosso país”.

De acordo com esse documento, “a greve anunciada poderá gerar elevados problemas ao setor, seja pelas dificuldades do levantamento de leite das explorações e do seu encaminhamento às unidades industriais, seja pela dificuldade de realizar as diferentes operações de transformação, como a de fazer sair os produtos lácteos das fábricas e de os encaminhar para os circuitos comerciais”.

“Caso não sejam tomadas as devidas medidas, corre-se o risco de terem que se destruir milhões de litros de leito no campo, o que pode ser desastroso a nível ambiental”, alerta a associação dos industriais de lacticínios.

A ANIL recorda que o setor de lacticínios em Portugal mobiliza cerca de cinco milhões de litros de leite por dia e destaca que “o leite em natureza é um produto altamente perecível, sendo que entre o momento da ordenha e o da sua transformação nos diversos produtos lácteos, que todos consumimos, medeia um curto espaço de tempo, findo o qual o mesmo se torna inutilizável”.

“É necessário ter em atenção que os animais produtores de leite são, regra geral, ordenhados duas vezes por dia, todos os dias, fator limitante da capacidade de armazenamento das explorações, em caso de não levantamento do leite. Por seu turno, o abastecimento de leite e a capacidade de armazenamento das unidades industriais depende largamente do escoamento diário de produtos lácteos transformados distribuídos ao mercado. Não basta, pois, receber leite todos os dias, é preciso transformá-lo e colocá-lo na distribuição e no consumidor, mantendo ativo o circuito de recebimento, transformação e consumo”, recomenda o comunicado da ANIL.

E a associação dos industriais nacionais de lacticínios reforça: “são cerca de cinco os milhões de litros de leite que, todos os dias, entram nas unidades industriais, provenientes das milhares de explorações leiteiras espalhadas por todo o país, para serem convertidos nos mais diversos produtos lácteos (leite embalado, iogurtes, queijos, manteiga, nata, bebidas lácteas,…) e que todos os dias delas saem, seguindo os circuitos logísticos e comerciais, chegando a milhares de pontos de venda e seguindo destes para os lares com toda a segurança, qualidade e comodidade”.

“Pelo exposto, é visível, mesmo antevendo e planeando, a capacidade limitadíssima da indústria para adequar circuitos de recolha apenas e só às suas necessidades de produção”, conclui o comunicado da ANIL.

 

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