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Greve dos trabalhadores da CP com adesão superior a 90%, diz Fectrans

A greve dos trabalhadores da CP – Comboios de Portugal registava ao longo do dia de hoje, uma adesão superior a 90%, disse ao JE José Manuel Oliveira, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans). Sindicalista diz que trabalhadores não aceitam aumento de 0,9%, que não chega a 30 cêntimos por dia.
16 Maio 2022, 16h00

A greve dos trabalhadores da CP – Comboios de Portugal registava ao longo do dia de hoje, uma adesão superior a 90%, avançou ao Jornal Económico José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans). Sindicalista diz que trabalhadores não aceitam aumentos de 0,9%, que representam pouco mais de 30 cêntimos por dia – menos de sete euros mensais.

“A adesão é bastante elevada. É superior a 90%. Todo o serviço comercial com exceção dos serviços mínimos para comboios é praticamente de paralisação total. Ao nível das oficinas, que é a parte menos visível da empresa, é também superior a 90% disse José Manuel Oliveira, realçando que “de forma generalizada a atividade da empresa está paralisada”.

Segundo este responsável, a greve representa “um protesto contra a intransigência do Governo e da CP, o arrastamento das negociações e os salários baixos”, acrescentando que “um aumento de 0,9% para a generalidade dos trabalhadores não dá sequer 30 cêntimos de aumento por dia”.

O coordenador da Fectrans recorda que “desde 2009, só em dois anos houve uma atualização mais significativa. Uma em 2018 e outro pequeno ajuste em função da assinatura do acordo de empresa em 2020”. José Manuel Oliveira realça que os trabalhadores da CP têm “assistido a uma desvalorização salarial” e que “o salário médio está cada vez mais próximo do salário mínimo [705 euros]”. Adianta aqui que “o salário de entrada na empresa é inferior a 800 euros e de 940 euros no topo de categorias, o que dá um salário médio de 850 euros”.

Já questionado sobre a reivindicação de aumentos salariais de 90 euros para todos os trabalhadores, o sindicalista refere que é apenas uma proposta e que o que importa realçar é que os trabalhadores não aceitam “aumentos de 0,9%, propostos pela empresa”, acrescentando que esta “é muito curta para a valorização dos salários que têm sido desvalorizados ao longo dos últimos anos”. Recorde-se que o amento salarial proposto pela CP está em linha com o que  foi imposto a todo o Setor Empresarial do Estado e Administração Pública.

Por sua vez, a CP, num balanço feito à Lusa, adiantou que entre as 00:00 e as 08:00 de hoje registaram-se 235 supressões, 93% dos comboios programados, que seriam 252.

“Ontem [domingo] entre as 00:00 e as 24 horas foram suprimidos 191 comboios a nível nacional, cerca de 24% do total de circulações previstas”, adiantou ainda fonte da CP.

A greve de hoje abrangeu também os trabalhadores que iniciaram o seu período de trabalho no domingo ou que iniciem o seu período de trabalho nas últimas horas de hoje e terminem na terça-feira.

No domingo, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), sindicato que na CP representa a maioria dos trabalhadores do serviço comercial e transporte (revisores, trabalhadores das bilheteiras e as suas chefias diretas) adiantou em comunicado que até às 20:00 tinham sido suprimidos 200 comboios.

A decisão da greve foi tomada no final de abril, em plenários descentralizados de trabalhadores que se realizaram no Porto, no Entroncamento e em Lisboa e foram promovidos pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), da Fectrans.

A CP anunciou esta segunda-feira que chegou a um acordo de princípio com 12 dos 15 sindicatos, para revisão do Acordo de Empresa, exceto com as três estruturas que convocaram a greve que está a decorrer: o SNTSF da Fectrans, o SFRCI e a Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (Assifeco). Segundo a empresa, os 12 sindicatos com os quais chegou a acordo representam 71% dos trabalhadores sindicalizados da CP.

De acordo com o coordenador da Fectrans, José Manuel Oliveira, “o principal motivo desta greve são os aumentos salariais, embora estejam também em causa outras matérias, como a aplicação do Acordo de Empresa da CP aos trabalhadores da antiga EMEF, para acabar com as desigualdades”, disse o sindicalista.

Na resolução aprovada nos plenários, os trabalhadores exigem a continuação das negociações da revisão do Acordo de Empresa e do Regulamento de Carreiras, “que valorize os salários de modo a fazer face ao brutal aumento do custo de vida, valorize as profissões e proceda à integração dos trabalhadores da ex-EMEF sem perda de direitos e redução de remunerações”.

Para os trabalhadores, “a proposta de aumento salarial de 0,9% significa, na prática, mais um ano sem aumento dos salários, com a agravante de acontecer num ano em que o custo de vida aumenta de forma galopante”.

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