A greve nacional dos professores assim como “duas grandes manifestações” marcadas para Lisboa e Porto, em que os docentes exigem a recuperação do tempo de serviço, estão a decorrer esta terça-feira. As associações contactadas pelo Jornal Económico (JE) falam numa grande adesão ao evento.

“Pelo que falei com alguns diretores parece ter uma grande adesão por parte dos professores porque foi uma greve programada atempadamente. É uma greve realizada num dia simbólico: dia 6 do mês 6 do ano de 2023, que foram os tais seis anos, seis meses e 23 dias que os professores congelaram e até ao momento não conseguiram recuperar”, explicou ao JE, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep).

Do lado da Fenprof, o secretário geral adjunto José Feliciano Costa também confirmou a elevada adesão. “Os dados da greve são animadores e dizem que há inúmeras escolas fechadas no concelho de Sintra, em Setúbal, também na cidade de Lisboa”, detalhou José Feliciano Costa, acrescentando que “no Porto a manifestação também está a correr muito bem”.

A Fenprof ainda não tem dados mais específicos a apresentar, mas indicou que tem “mais de 30 autocarros que vêm do sul, de Castelo Branco, de Leiria e alguns da zona de Setúbal, das Caldas e de Santarém”, além dos professores de Lisboa que se vão deslocar por meios próprios.

O dirigente da Fenprof também indicou que “há muitas escolas” do segundo e terceiro ciclo “onde provas de aferição não aconteceram”.

Greve é a “resposta que o ministro merece” e a intervenção de Marcelo

Para a Fenprof, “este é um dia simbólico e é a resposta que o ministro tem que ouvir e que merece por tudo o que não tem feito”. Segundo José Feliciano Costa o processo de negociação tem sido “enviesado, não resolve os problemas dos professores e não respeita as propostas colocadas em cima da mesa pelos sindicatos”.

“O ministro tem-se multiplicado em declarações a dizer que está preocupado com a escola e com os alunos, mas se está preocupado com a escola, não parece. Não podemos dizer que estamos preocupados com a escola, com os alunos, mas depois hipocritamente não tentar chegar a acordo nenhum”, referiu.

Por sua vez, Filinto Lima defendeu que a negociação entre professores e ministério da Educação deve passar por um intermediário e na perspectiva da Andaep ninguém será melhor para essa tarefa do que o Presidente da República.

“O diploma que já foi aprovado em Conselho de Ministros deve ser revisto ou pelo menos que Marcelo Rebelo de Sousa possa servir de intermediário numa negociação que está a ser bastante dura, bastante difícil”, sublinhou Filinto Lima, recordando que “há um braço de ferro cada vez mais intenso entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores”.