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Grupo de lesados do BES garante que “não sai da rua” sem reembolso integral

Um grupo de lesados do antigo Banco Espírito Santo está esta quinta-feira novamente concentrado frente ao balcão do Novo Banco na avenida dos Aliados, no Porto, e garante que manterá os protestos e manifestações até à devolução da totalidade dos montantes investidos.
  • Hugo Correia/Reuters
14 Junho 2018, 13h42

Um grupo de lesados do antigo BES está novamente concentrado esta quinta-feira frente ao balcão do Novo Banco na avenida dos Aliados, no Porto, e garante que manterá os protestos e manifestações até à devolução da totalidade dos montantes investidos.

“Têm que nos pagar a totalidade das nossas poupanças ou a gente não sai da rua”, garantem, adiantando que voltam a manifestar-se na sexta-feira, em Viseu, e no sábado, em Viana do Castelo, frente às sedes das associações constituídas para os representar e cuja atuação contestam.

Em declarações à agência Lusa, António Silva, do grupo de lesados do papel comercial e lesados emigrantes do antigo Banco Espírito Santo (BES), reiterou a exigência de utilização da provisão de 1.837 milhões de euros – constituída pelos acionistas do antigo BES por ordem do Banco de Portugal (BdP) – para os ressarcir na totalidade do valor que investiram na subscrição de produtos que julgavam garantidos.

“Não temos culpa que esse dinheiro tenha sido usado para pagar aos grandes, aos investidores institucionais”, sustenta, acusando o BdP de “irresponsabilidade” e a Associação dos Indignados e Enganados do BES, constituída para os representar, de “violar todos os estatutos” e de, “em vez de os defender, empurrá-los para a solução que pretende”.

Uma solução que passa pela adesão a um fundo de recuperação de créditos que prevê o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros (com limite de 250 mil euros) e de 50% para valores acima de 500 mil euros e à qual fonte oficial da Patris (sociedade gestora daquele fundo) diz terem aderido quase 99% dos lesados, representativos de um capital reclamável na ordem dos 433,8 milhões de euros.

“Estamos a ser traídos pela associação, que violou tudo o que disse, violou o que estava na escritura pública [da sua constituição] e andou a enganar-nos durante anos e anos”, sustentam, garantindo que esta entidade “não estava mandatada para negociar uma solução” em nome dos lesados e ficou foi de apresentar “processos populares, que não pagam custas, para os defender a todos”.

Mantendo-se irredutíveis na decisão de reaver a totalidade do seu dinheiro, o grupo de lesados diz duvidar que efetivamente tenham aderido à solução apresentada 99% dos lesados e garante que muitos “sentiram-se obrigados a assinar por vários motivos, por não terem dinheiro e pela idade”.

O grupo de lesados afirma que foram “vítimas de uma burla” e critica a atuação da Comissão do Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) e do Banco de Portugal, que acusam de “irresponsável”, lamentando ainda que o PS não cumpra “a promessa que fez em março de 2015, de que se fosse para o Governo [os] reembolsaria na totalidade”.

O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.

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