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Grupo José de Mello, com lucros a tombarem 84% em 2021, diz que “está fora de questão” ficar com Efacec

O Grupo José de Mello que em 2021 teve lucros de 58,2 milhões a caírem 83,6% face a 2020 (devida à venda da Brisa nesse ano) quer investir 1.000 milhões de euros até 2030.
7 Junho 2022, 17h23

O presidente executivo da José de Mello disse esta terça-feira que “está fora de questão” o grupo ficar com a Efacec caso haja problemas no processo de privatização da empresa.

“Está fora de questão”, disse hoje Salvador de Mello, numa conversa com jornalistas.

O gestor disse que o grupo “aguarda o desfecho do processo de privatização” da Efacec, na qual atualmente detém uma participação de 14%, e que não tem informação de como está a decorrer esse processo.

“Não sabemos os contornos, não temos informação. O Estado é acionista maioritário e está a gerir um processo que levará a um desfecho”, afirmou.

Salvador de Mello não se quis alongar em comentários sobre a escolha da DST para comprar a Efacec, referindo que coube ao Estado a avaliação dos interessados.

“Se concluiu pela DST é porque considera um acionista capaz de desenvolver a Efacec”, disse apenas.

Contudo, garantiu, ficar com a Efacec “está fora de questão”.

Em maio, no parlamento, o ministro da Economia, António Costa Silva, disse que esperava que o processo de venda da Efacec (empresa de engenharia e sistemas) à portuguesa DST SGPS estivesse finalizado até ao final de junho.

A Parpública anunciou em março a assinatura com a DST do acordo de venda direta de uma participação de 71,73% na Efacec.

Entretanto, a Autoridade da Concorrência (AdC) adotou uma decisão “de não oposição” na operação de compra da Efacec Power Solutions pelo grupo DST, de acordo com informação divulgada pelo regulador no seu ‘site’ em 18 de maio.

A Efacec foi nacionalizada em agosto de 2020, após a saída forçada da então maior acionista, a empresária angolana Isabel do Santos, na sequência dos processos judiciais relacionados com as revelações do “Luanda Leaks”.

Empresa teve lucros de 58,2 milhões de euros em 2021, menos 83,6% face a 2020

O Grupo José de Mello obteve lucros de 58,2 milhões de euros em 2021, abaixo dos 355,3 milhões de euros de 2020, e que tem um plano de investimento de 1.000 milhões de euros até 2030.

Numa conversa com jornalistas, o presidente executivo do grupo, Salvador de Mello recordou que, em 2020, o grupo vendeu 40% da participação na Brisa, o que gerou uma mais-valia de quase 350 milhões de euros impactando positivamente o resultado líquido. Já o lucro de 2021 foi, sobretudo, decorrente de resultados operacionais, acrescentou.

Ainda em 2021, o volume de negócios foi de 1.033 milhões de euros, abaixo dos 1.230 milhões de euros de 2020, enquanto o EBITDA atingiu 138,2 milhões de euros em 2021, menos 390,7 milhões de 2020. De notar que estes indicadores financeiros nos primeiros nove meses de 2020 consolidavam ainda uma maior participação da Brisa, o que ajuda ao diferencial para 2021.

As principais empresas do grupo José de Mello são a Bondalti (que o grupo detém na totalidade, operando na indústria química e tem também feito investimentos na área de tratamento de águas), a CUF (rede de hospitais e clínicas em que o grupo tem 66% do capital) e a Brisa (infraestruturas rodoviárias e mobilidade, na qual detém 17%).

“Nestas três áreas somos líderes de mercado. Isso é fruto do trabalho das equipas e de estarmos em setores de futuro”, disse Salvador de Mello.

A José de Mello detém ainda 70% da José de Mello Residências e Serviços (destinada ao mercado sénior), que faz parte do perímetro de consolidação.

O grupo tem ainda uma participação de 17% na Efacec (atua nas áreas da energia, indústria e mobilidade), detém a totalidade da Ravasqueira (vinhos) e 50% da ATM (empresa de apoio técnico à manutenção e energia), mas estas empresas não consolidam.

Em 2021, o grupo fez investimentos de 100 milhões de euros (nas empresas Cuf, Bondalti e Brisa) e exportou 200 milhões de euros (sobretudo Bondalti).

O Grupo José de Mello tem mais de 13 mil funcionários, cerca de 7.200 com vínculo contratual e cerca de 5.000 em prestação de serviços (nos quais se destacam os médicos da Cuf).

Para o futuro, Salvador de Mello disse que o grupo tem “uma estratégia de desenvolvimento que passa por crescer a partir de Portugal” e que tem um plano de investimento de 1.000 milhões de euros até 2030.

O responsável não quis dar pormenores, afirmando apenas que “em todas as empresas há investimentos relevantes ” e exemplificando com o novo hospital Cuf em Leiria e a aposta da Bondalti na fileira do hidrogénio, tendo esta empresa apresentado neste âmbito candidaturas ao PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. Admitiu Salvador de Mello que se os apoios do PRR não forem aprovados o investimento previsto até 2030 ficará abaixo dos 1.000 milhões de euros, mas sem indicar em quanto ficará.

O presidente executivo afirmou ainda que o grupo poderá investir em novas áreas de negócio, sem as identificar, mas destacando que está, sobretudo, atento a setores mais exportadores.

No sector da saúde disse que o grupo está atento a todas as oportunidades, mas que não está na corrida à compra do grupo Lusíadas.

Sobre a dívida da José de Mello, Salvador de Mello disse que, após a venda de parte da participação na Brisa e de outras operações que robusteceram o grupo, que “a dívida deixou de ser tema”.

“Hoje o balanço é sólido”, acrescentou.

A dívida consolidada é de cerca de 1.000 milhões de euros.

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