A guerra na Ucrânia vai fazer com que os alimentos e a energia fiquem mais caros nos próximos três anos, alertou o Banco Mundial, contribuindo para os receios de que a economia global esteja a caminhar para uma repetição do fraco crescimento e da alta inflação da década de 1970.
Segundo o “The Guardian”, a organização disse que existe o risco de que os custos persistentemente altos das commodities até ao final de 2024 levem à estagflação, uma situação em que se assiste simultaneamente a uma estagnação económica, ou até mesmo recessão, e altas taxas de inflação.
“No geral, isto representa o maior choque de commodities desde a década de 1970. Tal como na altura, o choque está a ser agravado por um aumento nas restrições ao comércio de alimentos, combustíveis e fertilizantes”, disse o vice-presidente do Banco Mundial, Indermit Gill.
De forma a evitar uma situação de estagflação, defende, “os formuladores de políticas devem aproveitar todas as oportunidades para aumentar o crescimento económico em casa e evitar ações que prejudiquem a economia global”.
As últimas perspetivas do banco sobre os mercados de commodities diziam que nos últimos dois anos o mundo assistiu ao maior aumento nos preços da energia desde a crise do petróleo de 1973 e ao maior salto nos preços de alimentos e fertilizantes desde 2008, alturas de crise mundiais.
Como resultado das interrupções no comércio e na produção causadas pela invasão russa, a organização prevê um aumento de 50% nos preços da energia este ano, estimando que o preço do petróleo bruto brent atinja a média de 100 dólares (95 euros) por barril, o nível mais alto desde 2013 e um aumento de mais de 40% em relação a 2021. Os preços devem cair para 92 dólares (cerca de 87,5 euros) em 2023, muito da média anual dos últimos cinco anos que se situa nos 60 dólares (57 euros) o barril.
O jornal britânico destaca que é estimado que os preços do gás europeu sejam duas vezes mais altos em 2022 do que em 2021, os preços do carvão 80% superiores e os do trigo mais 40%.