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Guterres aponta retrocesso de 30% nas metas ODS e lacuna de 3,9 biliões de euros

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apontou hoje um retrocesso superior a 30% nas metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e uma lacuna no seu financiamento de 4,2 biliões de dólares (3,9 biliões de euros).
  • Jason Szenes/EPA via Lusa
23 Maio 2023, 20h43

Numa sessão sobre as atividades operacionais do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), Guterres afirmou que “mais de metade do mundo” está a ser deixada para trás, num momento em que a pobreza, a fome e a crise climática estão a aumentar.

“O custo dos alimentos, energia e finanças aumentou acentuadamente, com um impacto devastador em países e comunidades vulneráveis. As desigualdades e a discriminação de género estão a aumentar. Os ODS – a nossa única solução abrangente para essas crises – estão muito distantes”, disse o líder das Nações Unidas.

“Retrocedemos em mais de 30% nas metas dos ODS, incluindo os nossos objetivos mais fundamentais de reduzir a pobreza e a fome. O progresso em outros 50% é fraco e insuficiente. Mas não é tarde demais para inverter o curso. E estamos determinados a fazer exatamente isso”, assegurou.

António Guterres recordou que a visão transformadora da Agenda 2030 depende de uma parceria global e de investimentos sem precedentes.

Contudo, esse investimento não foi feito, observou, e muitos países em desenvolvimento simplesmente não podem investir nos ODS porque enfrentam um “abismo de financiamento”.

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, a lacuna anual de financiamento dos ODS – que era de 2,5 biliões de dólares (2,32 biliões de euros) antes da pandemia de covid-19 – está agora em cerca de 4,2 biliões.

Os países desenvolvidos adotaram políticas fiscais e monetárias expansionistas e estão agora a regressar, em grande parte, à trajetória pré-pandémica de crescimento económico.

Porém, os países em desenvolvimento têm sido prejudicados pela sua incapacidade de fazer o mesmo, segundo a ONU.

Guterres criticou o facto de ser negado aos países vulneráveis o alívio da dívida e o financiamento concessional, assim como estarem sujeitos a taxas de juro até oito vezes mais altas do que os países desenvolvidos.

“É claro que algo está seriamente errado com as regras e estruturas de governação que produzem esses resultados. Por isso, pedi um Estímulo ODS – uma medida de emergência para aumentar o acessível de longo prazo acessível a todos os países necessitados, em pelo menos 500 mil milhões de dólares (464 mil milhões de euros) por ano”, informou.

O intuito dessa medida, disse Guterres, é “corrigir as injustiças e desigualdades fundamentais na arquitetura financeira global”, que “refletem as realidades globais de há 78 anos”.

O secretário-geral afirmou ainda que a iniciativa mais importante do calendário de 2023 acontecerá em setembro, com a Cimeira dos ODS, um momento de unidade rumo à concretização destas metas.

“Devem ser apresentados progressos concretos sobre os meios de implementação e um claro compromisso de reformular a atual arquitetura financeira internacional. (…) Juntos, podemos criar um futuro mais sustentável e igualitário para todas as pessoas, em todos os lugares”, concluiu.

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