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“Há 10 anos atrás o Porto não estava deserto, estava abandonado”, afirma Mário Ferreira

Nos últimos seis anos, o turismo na Região Porto e Norte cresceu significativamente, acima da média nacional, num trajeto ascendente que tem como protagonista o Porto que, dos 4,5 milhões de turistas registados o ano passado, recebeu 72%.
22 Novembro 2019, 13h33

Os desafios que se colocam particularmente à Região Porto e norte de Portugal, em matéria de turismo, marcaram o arranque do último dia do 31.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, promovido pela AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, que decorre, desde a passada quarta-feira, em Viana do Castelo.

Nos últimos seis anos, o turismo na Região Porto e Norte cresceu significativamente, acima da média nacional, num trajeto ascendente que tem como protagonista o Porto que, dos 4,5 milhões de turistas registados o ano passado, recebeu 72%, enquanto 21% foram para o Minho, 4,5% escolheram o Douro e apenas 2,5% Trás-os-Montes. “Diante dos mais recentes números de sucesso, que combinam alguns fatores mas também traduzem o forte investimento do Turismo de Portugal nas regiões do Centro, Alentejo e Porto e Norte, temos ainda a grande preocupação da distribuição e temos um conjunto de prioridades, nomeadamente ao nível da mobilidade, digitalização, sustentabilidade e internacionalização, a que temos todos, público e privado, de dar uma resposta adequada”, detalhou Luís Pedro Martins, presidente da ERT Porto e Norte.

Sobre o protagonista e responsável por esta escalada de sucesso, o Porto, o empresário Mário Ferreira, líder da holding Mystic Invest e CEO da Douro Azul, é categórico afirmando que “há 10 anos atrás, o Porto não estava deserto, estava abandonado. Há ainda muito por fazer, basta passar nas ruas secundárias e ver quantas casas estão entaipadas e perceber que há muito espaço por reabilitar”. Reconhecendo que estas casas, para comprar ou arrendar, atingiram preços muito elevados, considera que ainda assim há cada vez mais pessoas a querer viver no centro histórico. Assim, o futuro da cidade, sobretudo em matéria de turismo, e porque a sustentabilidade tem como principal pilar uma relação entre os mais diversos players em que todos ganham, há muito trabalho a fazer para nivelar a oferta existente. “Ainda há uma grande disparidade entre as ofertas, com muitos casos com pessoas que querem muito receber turistas mas ainda não está preparado. Mas têm de estar, têm de trabalhar para se ajustra à procura”, frisou ainda o empresário.

Corroborando a ideia de que o “Porto, antes do boom do Turismo, era uma cidade deserta”, Paulo Garcia da Costa, fundador do Vila Foz Hotel & Spa, reforçou ainda que “foi graças à ação dos privados e apoio do poder local que esta situação se foi alterando e foi possível dar vida à cidade”, razão pela qual considera injusto que hoje “sejam os privados a ter de carregar a carga do excesso do turismo”, assegurando ainda que “é possível chegar a um ponto de equilíbrio neste cenário mas será o próprio mercado a encarregar-se de o fazer”.

A caminho deste equilíbrio, o Porto pode, para Bernardo d’Eça Leal, fundador e managing partner da The Independente Collective, marcar a diferença no panorama turístico nacional, identificando na cidade fatores diferenciadores por deter “um conjunto de ofertas ao redor que são sinonimo de grande criatividade, sempre com muitas novidades e que são de grande promoção do destino como um todo”, detalha. A diferença desta oferta passa ainda pelo segmento do enoturismo, trazido a este debate por João Gomes da Silva, chief sales and marketing officer da Sogrape, grupo que, sem desviar o foco do seu produto base, o vinho, tem vindo a investir no Turismo. Atentos à crescente importância que foi ganhando o segmento, fez nascer o The House of Sandeman Hostel & Suites – alojamento criado nas caves Sandeman, em Gaia, fruto de uma parceria entre a The Independente Collective e a Sogrape e que recentemente ganhou o prémio de melhor alojamento vínico.

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