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Há menos startups de hardware a candidatar-se à ajuda da EDP: “É a ‘uberização’ da energia”

A taxa de sucesso das startups incubadas pela energética é de 60%. Em entrevista ao Jornal Económico, o administrador da EDP Luís Manuel e a responsável pela incubadora do grupo contam como funciona a relação de simbiose entre estas organizações, de onde obtiveram retorno de investimento e de que forma a ‘tecnologia limpa’ se alterou desde 2010.
  • Cristina Bernardo
13 Setembro 2018, 09h39

Desde que nasceu, em 2012, a EDP Starter soma 34 startups incubadas, que desenvolveram no total 27 projetos-pilotos, geraram receitas na ordem dos 40 milhões de euros e criaram aproximadamente três centenas de postos de trabalho. A EGG Electronics, a Feedzai, a Beon, a Glartek ou a Whitesmith são cinco casos de empresas que vingaram – e que contribuem para que a taxa de sucesso dos jovens negócios que ali ganham fôlego seja de 60%.

Há cinco anos à frente da EDP Starter, Carla Pimenta tem assistido de perto a uma tendência crescente para a digitalização do setor energético. “Antes recebíamos muitas mais candidaturas de startups de hardware e hoje em dia cada vez menos. É o que nós chamamos a ‘uberização’ do setor. É mais fácil de escalar e internacionalizar quando não há grande peso de ativos e capex”, explica ao Jornal Económico.

Luís Manuel, administrador da EDP Inovação, garante que não é só para o software que a empresa olha quando procura novidades nos modelos de negócios energéticos. “Às vezes é um bocadinho desanimador para empresas que estão mais no hardware quando veem o grosso dos apoios a serem canalizados para software”, confessa. Segundo o porta-voz da EDP, até 2010, o setor do clean tech cingia-se sobretudo aos equipamentos físicos, acabando por se digitalizar. “Hoje em dia quase que é um requisito poder controlar as coisas através de um smartphone. A partir daí, o hardware agrega quase sempre uma componente de software”, sublinha Carla.

A energética abre os braços a empresas com tecnologias e/ou modelos de negócio inovadores, que se adequam à sua estratégia de inovação. O programa disponibiliza ferramentas necessárias para gás ao novo negócio, nomeadamente um local de trabalho a custo zero, maior facilidade de networking e apoios menos dispendiosos a nível jurídico e fiscal, por exemplo. No entanto, as startups têm de estar prontas a desenvolver projetos-piloto e testarem os seus produtos em ativos da EDP. Atualmente trabalham seis no co-work da empresa no LACS (Lisbon Art Center & Studios), em Lisboa.

“Fazemos programas próprios de aceleração com princípio, meio e fim, onde escolhemos as melhores. Aquilo que promovemos depois é uma continuidade do relacionamento das startups e o grupo EDP, até porque começam a trabalhar connosco a seguir, num projeto-piloto a fornecer produtos e serviços”, explica a líder da comunidade de startups. Luís Manuel lembra que a empresa pede sobretudo aos empreendedores que desenvolvam as soluções “o melhor possível” nas quais estão a pensar.

Esta relação de simbiose já gerou retorno de investimento para o grupo, como a Feedzai, apontada como potencial unicórnio português. “Especializou-se no setor financeiro, mas estamos muito contentes com a performance da empresa e a temos alguns contactos operacionais muito importantes”, assegura.

O programa de aceleração EDP Open Innovation, que junta a empresa de António Mexia ao semanário “Expresso” e à Beta-i anunciou ontem que recebeu 210 candidaturas oriundas de 34 países, mais 11 do que na edição do ano passado.

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