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Há um festival que é um dos segredos mais bem guardados do Vale de Monsaraz: o Barrocal Sound

Dias 24 e 25 de junho, o cosmos conspira e ruma ao vale de Monsaraz para, num ambiente único, provocar encontros entre sonoridades ancestrais e contemporâneas. Não é um fenómeno atmosférico, é um festival.
29 Maio 2022, 16h00

Numa herdade, em pleno vale de Monsaraz, os barrocais que pontuam a paisagem passaram a ter mais uma função estética, neste caso, aliada à música. Dão nome a um festival muito particular – o Barrocal Sound – e são parte identitária do imenso espaço que o acolhe, a histórica herdade de São Lourenço do Barrocal, monte alentejano com mais de 200 anos de vida e contemplação.

É neste enquadramento natural e edificado, hoje transformado em hotel, que se “improvisa um habitat musical para receber quem queira desfrutar de uma experiência imersiva e única”, como se lê no site. A proposta? Dois dias de concertos – 24 e 25 de junho – em cenários únicos, que vão dos barrocais ao antigo colmeal, onde confluem sonoridades ancestrais e contemporâneas.

Uma ambição declarada é mesmo “celebrar a «música de raiz», de autor, diversa e de partilha, que ouvida entre a natureza apela aos sentidos e emoções”. Para isso, foi convocado um conjunto de músicos, bandas, em sintonia com este ambiente intimista. A abertura do festival, a 24 de junho, ficará a cargo de Islandman, o projeto musical dos produtores turcos Tolga Boyuk, Eralp Güven e Erdem Baer – um encontro entre a música eletrónica e o psicadelismo da Anatólia e outros ritmos xamânicos.

Este trio eletroacústico nasceu em 2010 e já atuou em festivais de referência, como o Montreux Jazz, o Sunbeat Festival ou o BOOM. Dia 24 de junho, às 19h, no palco Barrocais, o trio Islandman promete explorar o seu mais recente álbum de estúdio, “Godless Cerimony”, com incursões pelo trabalho anterior, de 2020, intitulado  “Kaybola”.

Sílvia Pérez Cruz, e a sua Frasa Circus Band, trazem a fusão do jazz com o flamenco e música clássica. Considerada uma das vozes mais extraordinárias de Espanha, destacou-se logo com o seu primeiro trabalho, “11 de novembre”, nomeado para melhor álbum em Espanha e França em 2012, e galardoado com um disco de ouro. Apresenta-se no Barrocal Sound, no palco Barrocais às 22h30 de dia 24 de junho, com versões intimistas de temas do seu mais recente álbum, “Farsa”, a que se somam êxitos anteriores como “Vestida de nit” ou “Granada”.

Para encerrar o primeiro dia de concertos, o Barrocal Sound convocou a DJ e produtora turca Carlita. A sua formação em música clássica não a afastou de outras influências e estilos musicais, que leva às pistas de dança do mundo inteiro. À meia-noite de dia 24 de junho, no Palco Colmeal, tem encontro marcado com uma “aventureira sónica” que adora explorar expressões musicais menos conhecidas.

O final da tarde de dia 25 de junho, com a luz do sol oblíqua a acarinhar a terra e os barrocais, traz a música instrumental contemporânea de Joep Beving. Após o êxito do seu álbum de estreia, “Solipsism”, em 2015, Beving tornou-se um fenómeno viral nos serviços de streaming. No cardápio do Barrocal Sound estará o seu mais recente trabalho de estúdio, “Hermetism”, lançado em abril de 2022. Para ouvir no palco Barrocais, às 19h.

Pelas 22h30, no mesmo palco irão abraçar-se o mundo árabe e islâmico, e a sua herança musical. O mágico de serviço é Anouar Brahem, virtuoso do alaúde e um artista “sempre disposto a aventurar-se além dos seus próprios limites”, respeitando a tradição e abrindo janelas sobre o mundo. Provocador de emoções, estará presente no Barrocal Sound com o seu Anouar Brahem Quartet, para um serão de viagens intemporais por álbuns como “The Astounding Eyes of Rita”, “Le Pas du Chat Noir”, “Blue Maqams” e o mais recente “Souvenance”.

Michael Mayer, uma das principais figuras da dance music na sua Alemanha natal e na cena internacional, é quem encerra esta edição do Barrocal Sound. DJ e produtor é, também, um dos fundadores da editora de música de dança Kompakt. Verdadeiro homem dos sete ofícios, cabe-lhe pôr ao rubro a pista de dança no palco Colmeal. À meia-noite, sob as estrelas no vale de Monsaraz.

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