Os organizadores da manifestação “Casa para Viver, Planeta para Habitar”, convocada para 30 de setembro, protestaram hoje em frente à reunião do Conselho de Ministros, em Algés, Oeiras, para exigir ao Governo medidas concretas que respondam à crise habitacional.

“Todo o pacote Mais Habitação, temos dito e repetido, não vem resolver os problemas da habitação e, por isso, estamos aqui hoje”, afirmou Maria João Costa, da Habita – Associação pelo Direito à Habitação e à Cidade.

No Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, distrito de Lisboa, uma dezena de pessoas associadas à organização da manifestação “Casa para Viver, Planeta para Habitar” concentraram-se enquanto decorria a reunião do Conselho de Ministros para chamar a atenção do Governo para a necessidade “urgente” de responder à crise na habitação.

O protesto de hoje pretendeu também apelar à participação dos cidadãos na manifestação convocada para 30 de setembro, em várias cidades do país, à semelhança da que foi realizada em 01 de abril.

“Prognósticos são no fim do jogo, mas esperamos uma grande adesão, obviamente, uma vez que os problemas de habitação não melhoraram desde abril, pelo contrário, as pessoas estão a ficar absolutamente sufocadas pelo aumento dos preços das casas, aumento do preço das rendas, aumento das taxas de juro, […] os despejos que se sucedem, portanto não há motivos para não haver uma grande mobilização, e haverá, com certeza, porque há a consciência que todas estas medidas que o Governo tem estado a publicitar são insuficientes, tímidas, não resolvem o problema”, disse Maria João Costa, em declarações à agência Lusa.

A responsável da associação Habita sublinhou que “está, apesar de tudo, nas mãos do Governo propor medidas que finalmente resolvam o problema”, referindo que a crise habitação “está a afetar a vida de milhares de pessoas”.

Vasco Barata, da associação Chão das Lutas, que integra a organização da manifestação “Casa para Viver, Planeta para Habitar”, realçou que “hoje é um dia importante” porque o Banco Central Europeu (BCE) decide se sobe novamente as taxas de juro ou as mantém inalteradas.

A decisão foi anunciada um pouco depois do protesto, tendo o BCE determinado uma nova subida das três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, tal como na reunião anterior, colocando a taxa dos depósitos no nível mais elevado de sempre da zona euro.

Falando antes do anúncio do BCE, o representante da associação Chão das Lutas reforçou que as taxas de juro não vão baixar, portanto “as pessoas, na melhor das hipóteses, continuarão a sofrer um peso da prestação do banco brutal”.

“Sabemos também que as rendas continuam a aumentar e que não há nenhum limite, nenhum controlo”, frisou Vasco Barata, jurista e eleito pelo BE para a Assembleia Municipal de Lisboa.

Questionado sobre as medidas a tomar, o responsável defendeu que “o Governo devia ter uma palavra mais forte de defesa das pessoas e não ser tão permeável às narrativas do sistema financeiro e às narrativas dos grandes especuladores da habitação”.

“Esperávamos era que, desde logo, a Caixa Geral de Depósitos pudesse, como banco público, limitar a taxa de juro e aplicar uma taxa mais baixa que faria concorrência aos outros bancos para poderem também baixar as suas taxas”, propôs Vasco Barata, referindo que as pessoas estão no limite, já estão a gastar as poupanças para conseguir fazer face ao preço da habitação e, “quando essas poupanças acabarem, a crise só vai piorar”.

“É preciso mesmo é medidas que regulamentem o mercado, que fixem os juros e que limitem os juros, porque uma coisa nós sabemos: Se esta crise estivesse a atacar minimamente a banca e o setor financeiro, medidas robustas já tinham sido tomadas para os salvar”, criticou.