[weglot_switcher]

Hidrogénio: João Galamba critica professor universitário

O secretário de Estado da Energia deixou fortes críticas a Clemente Pedro Nunes, depois da entrevista dada pelo professor na quinta-feira onde abordou a estratégia nacional para o hidrogénio, aprovada ontem pelo Governo.
  • Cristina Bernardo
31 Julho 2020, 12h33

O secretário de Estado da Energia criticou duramente Clemente Pedro Nunes, depois da entrevista dada pelo professor universitário onde abordou a estratégia nacional para o hidrogénio, aprovada ontem pelo Governo.

“É um aldrabão é um mentiroso do pior. Não há outra forma de descrever esse cavalheiro”, escreveu João Galamba na noite de quinta-feira sua conta pessoal do Twitter.

Questionado pela sua identidade por um utilizador da rede social, o governante respondeu: “Chama-se Clemente Pedro Nunes e é um aldrabão encartado”.

Um pouco antes, o professor do Instituto Superior Técnico (IST) disse que o “objetivo” do Governo é “dar mais dinheiro aos do mesmo” e que “quem vai ser roubado são os contribuintes”, afirmou na entrevista dada na quinta-feira à noite na SIC Notícias.

Em reação, João Galamba criticou o professor, que é um dos signatários do manifesto contra o hidrogénio – Tertúlia Energia – em que 44 subscritores criticam a estratégia do Governo para o hidrogénio.

“Está um cavalheiro na SIC Notícias a falar do ‘lobby dos intermitentes [energias renováveis]’. Tradução: o lobby dos intermitentes é o mundo inteiro menos o cavalheiro que denuncia o lobby dos intermitentes”, escreveu o secretário de Estado da Energia.

Na entrevista à SIC Notícias, Clemente Pedro Nunes abordou diretamente o nome de João Galamba afirmando que este se devia preocupar “em ter soluções que fossem eficazes sob o ponto de vista de emissões de CO2 [emissões poluentes], que é uma questão global”, em vez de questionar os subscritores sobre as metas que a Europa definiu.

Também outros utilizadores questionaram o governante sobre a veracidade das afirmações de Clemente Pedro Nunes no programa noturno do canal do grupo Impresa. “O tema é, que tipo de contratos é que vão ser fechados com as empresas que vão entrar neste mercado. Vamos comprar a energia a estas empresas bem acima do preço de mercado? Se sim, durante quanto tempo?”, perguntou diretamente um utilizador da rede social na publicação do secretário de Estado Adjunto e da Energia.

Já outro utilizador questionou sobre “a comparticipação dos projetos privados para o hidrogénio”, sendo que nenhum dos dois obteve uma resposta pública na rede social pelo governante.

Na sua intervenção, Clemente Pedro Nunes referiu-se ainda aos contratos assinados no Governo de José Sócrates, com Manuel Pinho no Ministério do Economia, em que foram aprovadas tarifas subsidiadas para as energias renováveis, apontando que estas acabaram por ter custos para os consumidores.

Nas energias renováveis, o professor do Instituto Superior Técnico afirmou que o país tem um capacidade de 22 mil megawatts instalada no país, pagas pelos contribuintes, enquanto “o consumo máximo que temos é 8.900 megawatts. Nos últimos 15 dias, andámos a importar 40%”.

Clemente Pedro Nunes, em conjunto com nomes como Abel Mateus ou Mira Amaral, tem criticado a estratégia para o hidrogénio, apontando que este deverá absorver “uma parte significativa dos recursos, financiando projetos sem rentabilidade, usando tecnologias que, por não estarem ainda dominadas, só vão fazer subir custos de produção e preços no consumidor”.

O professor universitário aponta que o hidrogénio vai ser semelhante à estratégia eólica, cuja política energética não é dominada e terá de ser subsidiada por via de transferências, sendo que os “suspeitos do costume, entre os quais a EDP”, deverão entrar outra vez no jogo.

Estratégia do hidrogénio até 2030

O Governo apontou ontem, no Conselho de Ministros, que até 2030 o hidrogénio poderá gerar investimentos entre os sete mil milhões e os nove mil milhões de euros.

Esta estratégia poderá levar, ainda, a uma “redução das importações de gás natural entre os 380 e os 740 milhões de euros e de amónia de cerca de 180 milhões de euros”, de acordo com o Ministério do Ambiente.

Em termos de criação de postos de trabalho, a tutela de João Matos Fernandes estima que possam ser criados entre 8.500 a 12 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.