O chef de cozinha Miguel Rocha Vieira, que conta com três estrelas Michelin no currículo, disse em entrevista à “RTP” que as horas desumanas, pressão gigante e ordenados miseráveis explicam as dificuldades para contratar e manter pessoas no sector.
“Estamos a colher o que semeámos. Não cuidámos destas pessoas, sempre achamos que era um privilégio por trabalharem connosco — como foi para mim quando trabalhei com A,B ou C há uns anos — e que, assim, não tínhamos de pagar ordenados porque estão a aprender, a trabalhar horas que, muitas vezes, deixam de ser humanas, e com uma pressão gigante”, indica. “Faltava o lado humano”.
A pandemia, que forçou muitos funcionários do sector a procurar novo emprego após “salários miseráveis”, explica, fez com que as pessoas percebessem que se pode ter” fins de semana sem trabalhar, ir para a praia em agosto, passar o Natal em casa com a família”, enquanto se aufere “o mesmo ou até mais” em comparação.
“Agora, obviamente, quando são precisas, não estão” no sector, aponta. “Para quê voltar a isso e abdicar de tantas coisas quando se pode ter a vida que não se teve até então? É completamente legítimo e entendo perfeitamente.”
O problema, refere, não é exclusivo a Portugal, “mas geral”. Agora, resta ao sector refletir sobre o problema. “Que eu e os meus colegas aprendamos a lição e que daqui para a frente tenhamos mais cuidado com as pessoas que trabalham connosco”, remata.
Miguel Rocha Vieira tem no curriculum três Estrelas Michelin: em Cascais, no restaurante Fortaleza do Guincho e, em Budapeste, nos restaurantes Costes e Costes Downtown. Foi também jurado de várias edições do programa da RTP “MasterChef Portugal”.
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