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Hospital de Boston nega transplante de coração a homem não vacinado

O hospital exige a vacina contra a Covid-19 para os candidatos a transplante para aumentar a probabilidade da operação ser bem-sucedida e otimizar a sobrevivência do paciente no pós-operatório. Paciente “não acredita” na vacina e alega que os efeitos colaterais poderiam ser prejudiciais para o seu coração débil.
  • Hospital de Santa Maria
26 Janeiro 2022, 20h30

O hospital de Boston, nos EUA, retirou um paciente da lista de candidatos a um transplante de coração, pelo menos em parte, por não estar vacinado contra a Covid-19, avançou a “BBC”.

DJ Ferguson, com 31 anos, precisa urgentemente de um novo coração, mas o Brigham and Women’s Hospital negou-lhe essa hipótese, disse o seu pai, David, acrescentando que a vacina contra a Covid vai contra os seus “princípios básicos”. “Ele não acredita nela”, frisou.

O hospital, que afirma estar a seguir a política interna, disse à “BBC” em comunicado: “Dada a escassez de órgãos disponíveis, fazemos tudo o que podemos para garantir que um paciente que recebe um órgão transplantado tenha a maior hipótese de sobrevivência”.

É exigida, então, “a vacina Covid-19 e comportamentos de estilo de vida para os candidatos a transplante para aumentar a probabilidade da operação ser bem-sucedida e otimizar a sobrevivência do paciente após o transplante, já que o seu sistema imunológico é drasticamente suprimido”, esclareceu um porta-voz.

Segundo a “BBC”, a declaração escrita do hospital pode sugerir que outros fatores, para além da não vacinação, o tornam elegível, mas recusou-se a discutir detalhes, citando a privacidade do paciente.

O Brigham and Women’s Hospital acrescentou que a maioria das 100 mil pessoas em lista de espera para transplantes de órgãos não receberá um órgão dentro de cinco anos devido à escassez de órgãos disponíveis.

Ferguson, que está no hospital desde 26 de novembro de 2021, sofre de um problema cardíaco hereditário que faz com que os seus pulmões se encham de sangue e líquido, de acordo com o GoFundMe.

O organizador da angariação de fundos disse que o americano estava preocupado com a eventualidade de sofrer inflamação cardíaca – um possível efeito colateral da vacinação contra a Covid que o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos enfatiza ser raro e temporário -, que pode ser perigosa devido ao estado débil do coração.

O CDC incentiva os recetores de transplantes e aqueles em seus círculos imediatos a serem totalmente vacinados e reforçados porque o seu sistema imunitário fica altamente fragilizado depois da operação.

A família de DJ, que é pai de dois com um terceiro filho a caminho, sugeriu que ele está fraco demais para ser transferido para um hospital diferente e que “está a ficar sem tempo”.
“O meu filho está a lutar com muita coragem e tem integridade e princípios em que realmente acredita e isso faz-me respeitá-lo ainda mais”, disse David Ferguson.

Finalizou com o mote conhecido dos não vacinados: “É o corpo dele. É a escolha dele”.

De acordo com a “BBC”, não é a primeira vez que um americano não vacinado contra o coronavírus enfrenta obstáculos de saúde nas últimas semanas. No início deste mês, uma mulher do Minnesota processou o hospital local depois de os médicos tentarem tirar o marido não vacinado do ventilador que usava há dois meses.

Pouco mais de 63% da população dos EUA tem as duas doses da vacina e cerca de 40% já recebeu a dose de reforço.

 

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