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Hovione investe 1 milhão em curso de analista químico

A farmacêutica está a trabalhar com o sistema de ensino para colmatar a escassez de recursos humanos do país nesta área. O primeiro curso arranca já em janeiro de 2018 e vai preparar 24 analistas químicos para carreiras na indústria farmacêutica.
  • Foto cedida
3 Outubro 2017, 07h05

A meta é formar 12 analistas químicos por semestre, pelo menos, durante três anos. “Eles precisam de emprego e nós de gente capaz”, justifica Guy Villax, administrador-delegado da Hovione ao Jornal Económico.

A química, particularmente a área da química analítica tem tido, nos últimos anos, um crescimento significativo não apenas na Hovione, mas em toda a indústria farmacêutica. Este crescimento não foi, no entanto, acompanhado pelo lançamento no mercado de técnicos com a formação adequada em número suficiente para lhe dar resposta.

“A indústria enfrenta uma escassez de recursos humanos formados”, afirma o gestor, explicando que enquanto importante player do setor, a Hovione não pode limitar-se apenas a ir ao mercado procurar talento, tem de “fazer produção”.

Se temos um problema, temos que resolvê-lo. Este é, no fundo, o ponto de partida do Programa 9ºW, lançado, há cerca de um ano pela Hovione, a cujo terceiro eixo – Curso de Formação de Analistas Químicos – se está a dar cumprimento com a criação desta formação. O primeiro curso arranca a 15 de janeiro de 2018 e é enquadrado numa parceria, anunciada às portas deste verão, envolvendo a Hovione e quatro instituições de ensino de todos os graus: ensino superior, secundário regular e profissional. A saber: Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), Escola Secundária Fonseca de Benevides, Escola Profissional de Educação para o Desenvolvimento e Escola Profissional de Setúbal.

Esta iniciativa representa um investimento de um milhão de euros e vai formar 12 analistas químicos para carreiras na indústria farmacêutica, por semestre, pelo menos, durante três anos.

Com este projeto, a Hovione pretende trabalhar em conjunto com o sistema de ensino português para colmatar a escassez de recursos humanos nesta área, permitindo que estudantes provenientes de cursos de formação profissional ou do ensino secundário se tornem analistas químicos. “Não é só uma questão de criar emprego, vamos dar oportunidades de carreira”, explica Guy Villax.

Com efeito, no final do curso é expectável que haja grande procura de analistas com estas competências. Para se ter uma ideia, só a Hovione, no período entre abril de 2016 e março de 2017, empregou 56 profissionais entre analistas e químicos analistas, numa relação de 33/23. Em conjunto, estas duas profissões representam cerca de um quarto do número total de empregos criados pela Hovione naquele período: 200.

A empresa que está numa fase de crescimento particularmente acentuado continua a recrutar técnicos de química analítica, bem como outros perfis de forma a continuar a afirmar-se nos mercados mais competitivos do mundo. Além de Loures, a Hovione, criada em 1959, por Ivan Villax, investigador químico, e sua mulher Diane Villax, mais dois refugiados húngaros: Nicholas de Horthy e Andrew Onody e gerida atualmente pela família Villax e por uma equipa de profissionais de topo, tem unidades produtivas nos Estados Unidos, Irlanda, Macau e China e escritórios em Hong Kong, Japão, Suíça e Índia, empregando, no total, cerca de 1.750 pessoas, das quais 80 doutorados. Em Portugal é o maior recrutador privado de doutorados: 58. Só a atividade de investigação e desenvolvimento que é realizada no país dá trabalho a 246 técnicos e cientistas.

Empresa que investiga e desenvolve novos processos químicos e produz princípios ativos para a indústria farmacêutica mundial, a Hovione distinguiu-se sempre pela capacidade tecnológica e pela qualidade da produção. A aposta permanente na investigação garantiu-lhe um mercado especializado.

No âmbito do segundo eixo do Programa 9ºW – Laboratórios Analíticos Inteligentes – serão utilizados sistemas inteligentes, automação e robótica nos laboratórios analíticos, para obter uma melhor utilização dos recursos existentes e dar respostas mais eficazes aos requisitos da indústria e dos seus reguladores.

O primeiro eixo do programa – Produção Contínua de Produtos Farmacêuticos – pretende dar resposta aos desafios emergentes na indústria farmacêutica, relacionados com o novo paradigma de produção em contínuo.

Neste âmbito a empresa realizou há pouco mais de um ano uma parceria com uma empresa americana para a instalação de uma unidade de produção de medicamentos em contínuo na sua fábrica de New Jersey.

A possibilidade de integrar um mundo feito de investigação-ação é apontado pelos jovens como o principal aliciante para trabalhar na Hovione.

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