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Huawei diz liderar expansão do 5G, apesar de alegados problemas de segurança

“Quando se trata de alegações de segurança, é melhor deixar os factos falarem por si mesmos, e o facto é que o histórico de segurança da Huawei é limpo”, defendeu CEO da Huawei.
18 Dezembro 2018, 12h25

O presidente da tecnológica Huawei, Ken Hu, afirmou esta terça-feira que a empresa chinesa continua a merecer confiança, mesmo depois da detenção da diretora financeira Meng Wanzhou e dos receios face a questões de segurança e privacidade de dados quanto à utilização de materiais e tecnologia 5G desta companhia.

“Apesar dos esforços em alguns mercados para criar medo sobre a Huawei e interferências no crescimento da indústria, estamos orgulhosos em dizer que os nossos clientes continuam a confiar em nós”, disse o administrador, citado pelo “Financial Times”.

Sediada em Shenzhen, cidade chinesa da província de Cantão, a Huawei envolveu-se na tensão comercial entre a China e os Estados Unidos, após a prisão de Meng Wanzhou, que também é filha do fundador da Huawei.

A diretora da Huawei foi detida pelas autoridades canadianas, a pedido dos EUA, por suspeitas de ter mentido sobre uma filial da empresa, para poder aceder ao mercado iraniano, violando sanções norte-americanas.

A querela que envolveu Wanzhou, entretanto libertada sob pagamento de fiança de 6,6 milhões de dólares, levou a crescentes temores internacionais em relação à tecnologia da Huawei, que se tem destacado na expansão da rede 5G.

Agora, as declarações do vice-presidente da tecnológica ocorrem no momento em que os EUA e os seus principais aliados, incluindo Reino Unido e Austrália, bloquearam o uso da tecnologia da Huawei em determinadas zonas das redes de telecomunicações nesses países.

Em ambos os países, foi referido que tal bloqueio justifica-se pelas preocupações em dar à empresa acesso a infraestruturas de telecomunicações críticas a nível nacional.

“Quando se trata de alegações de segurança, é melhor deixar os factos falarem por si mesmos, e o facto é que o histórico de segurança da Huawei é limpo”, acrescentou Hu.

Atualmente, a Huawei já enviou mais de dez mil estações-base 5G para diferentes países e previu que as receitas da companhia passariam a barreira dos 100 mil milhões de dólares em 2018. “Um grande marco histórico”, afirmou Ken Hu.

EUA perde domínio industrial

Na sequência do caso de Wanzhou, que ocorreu porque as autoridades dos EUA suspeitaram que o grupo tecnológico chinês exportou produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis.

A partir de então, uma lei federal foi estabelecida proibindo responsáveis governamentais e militares norte-americanos de utilizarem aparelhos fabricados pela Huawei. O facto de a empresa ter alegadas ligações ao Partido Comunista chinês são frequentemente salientadas para justificar o bloqueio à utilização do material da tecnológica.

Mas na origem desta situação está a ascensão ao poder de Donald Trump, nos EUA. A administração ditou o espoletar de disputas comerciais com a China, o que levou os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Tudo aponta que o Estado norte-americano teme perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes agentes em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Em novembro, Pequim e Washington anunciaram, contudo, uma trégua de 90 dias para negociar um acordo que ponha o fim à guerra comercial.

Em Portugal, a Huawei é o parceiro tecnológico da Altice Portugal para o desenvolvimento da rede de 5G. Recentemente, aquando da visita de estado do presidente chinês, Xi Jinping, a empresa portuguesa integrou o conjunto de 17 acordos de cooperação estabelecidos entre o Estado português com Pequim.

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