O presidente do Parlamento turco, Mustafa Şentop, e sua delegação chegaram à Hungria em visita oficial, tendo-se encontrado com o seu homólogo húngaro, Laszlo Kover. Numa declaração conjunta, ficou claro que o lado húngaro quer a Turquia no seio da União Europeia (UE). Convém perceber-se que Kover é alguém com peso político suficiente para que as suas declarações não sejam mera ‘decoração’ ao longo do encontro.
O presidente do Parlamento é um dos fundadores do Fidesz em 1988, o partido do primeiro-ministro Viktor Orbán, já foi ministro e continua a fazer parte do círculo próximo do poder.
Şentop sublinhou que os desenvolvimentos bilaterais e regionais foram avaliados durante a reunião e chamou a atenção para a guerra na Ucrânia. “Há guerra na nossa região. Existem problemas que ela criou, especialmente de migração, alimentação e crise energética. Consideramos positiva e valiosa a abordagem realista da Hungria aos problemas internacionais. Expressei os meus agradecimentos pelo apoio da Hungria no processo de adesão da Turquia à União Europeia”, disse.
Por seu lado, o presidente do parlamento húngaro disse que “conversámos sobre os efeitos das ameaças atuais. As atividades da Turquia são muito importantes para a Hungria. Principalmente em termos de estabilidade. Podíamos ter tido uma enorme crise alimentar mundial, mas com a ajuda da Turquia, ela foi evitada”.
É nesse quadro do aumento da influência turca na região (e para além dela) que a Hungria reforçou o seu apoio à entrada da Turquia na UE. Kover afirmou que “apoiamos a adesão“.
O problema é que, claramente – e apesar das promessas antigas – a União não ‘paga’ da mesma moeda: a adesão da Turquia é um dossiê parado e, mais que isso, atirado para dentro de uma gaveta.
Pode ser que as coisas mudem de figura, dizem alguns analistas, mas é preciso esperar. A questão tem a ver com o facto de a Rússia e a Sérvia terem estreitado as suas relações e, de imediato, a União ter optado por promover o bloqueio da entrada do país balcânico na UE. Ora, a eventualidade da entrada da Sérvia – o país mais importante da região – estar bloqueada em definitivos, o que é bastante provável, muda a relação de forças na região.
E a Comissão Europeia pode chegar à conclusão que, sem a Sérvia, mais vale contar com o contributo da Turquia para aumentar o ‘poder de fogo’ político da própria União. De qualquer modo, é preciso esperar para se ver no que dão as novas reservas da UE face à Sérvia.
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