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Iberdrola defende construção de segunda linha elétrica para escoar energia de barragens no Tâmega

Autarquia de Mondim de Basto opõe-se à construção da linha pela REN que vai ser necessária para escoar a eletricidade das novas barragens do Tâmega para a zona sul do país.
18 Julho 2022, 07h30

A Iberdrola defende a construção de uma segunda linha para escoar a produção do complexo do Alto Tâmega. Já existe uma linha a escoar a eletricidade para o norte do país, mas esta segunda linha irá escoar a produção para o sul do país, e ainda falta inaugurar uma terceira barragem no Tâmega em 2024: logo mais energia a precisar de ser escoada para a rede elétrica nacional.

O projeto da linha pertence a REN – Redes Energéticas Nacionais, mas a sua construção está bloqueada por a autarquia de Mondim de Basto discordar do seu traçado.

“Agora mesmo, escoamos a energia para a subestação de Ribeira de Pena, que está ligada à rede nacional de transporte: a linha do Minho que é dupla [sentido norte]”, explicou ao JE o responsável do projeto José Maria Otero.

“Mas existe uma linha simples, ligada à Feira [sentido sul] que ainda não está construída. Estamos a produzir energia sem nenhum tipo de condicionante através da linha norte”, garantiu, durante uma visita ao complexo do Tâmega no domingo.

“O assunto está a ser gerido pela REN, mas a verdade é que a linha vai ser necessária, vai ter de ser construída. A linha está licenciada, é para construir”, afirmou.

“Está com alguns problemas, segundo a informação que temos, mas deveria-se iniciar a construção em breve. Tem de se resolver o assunto e iniciar a construção”, defendeu José Maria Otero.

Em julho de 2020, a autarquia de Mondim de Basto anunciou que o Supremo Tribunal Administrativo tinha aceite a sua providência cautelar contra a construção da linha de muito alta tensão Carrapatelo-Vila Pouca de Aguiar no seu concelho.

“Mondim de Basto ganhou esta primeira ação com os argumentos de Direito e de Autonomia Constitucional das Autarquias, que assim suspende a eficácia da Resolução de Conselho de Ministros”, anunciou na altura a autarquia do distrito de Vila Real.

“O executivo municipal manifestou em 2011, 2013 e 2018, em consulta pública, pareceres desfavoráveis à passagem desta linha no território de Mondim de Basto, como forma de salvaguardar os interesses e a qualidade de vida dos seus munícipes”, acrescentou a câmara citada pelo “Diário de Trás-os-Montes”.

“Recorde-se que, a ser construída, esta linha atravessará a União das Freguesias de Campanhó e Paradança, as freguesias de S. Cristóvão de Mondim de Basto, Vilar de Ferreiros e Atei, trazendo impactes significativos e irreversíveis para o território e as suas populações”, afirmou a autarquia.

A concretização deste projeto é da responsabilidade da Rede Elétrica Nacional (REN) e tem como objetivo transportar a energia proveniente do conjunto de centrais de Gouvães, Daivões e Alto Tâmega, inserido no Plano Nacional de Barragens e que estão a ser construídas pela espanhola Iberdrola.

Além de Mondim de Basto, também vai atravessar os concelhos de Cabeceiras de Basto, Amarante, Marco de Canaveses, Ribeira de Pena e Cinfães.

O projeto da linha Carrapatelo – Vila Pouca de Aguiar foi alvo de dois estudos de impacto ambiental tendo sido emitidas as declarações de impacto ambiental (DIA).

A maior barragem do país vai ser hoje inaugurada no rio Tâmega em Ribeira de Pena, distrito de Vila Real. A central hidroeléctrica de Gouvães conta com uma potência instalada de 880 megawatts (MW), com quatro grupos, ou turbinas, de 220 megawatts cada.

Além da central de Gouvães também vai ser inaugurada hoje a central de Daivões, outro projeto da Iberdrola também em Ribeira de Pena, com 118 megawatts. Esta barragem tem uma altura semelhante à Torre dos Clérigos no Porto. O rio Tâmega nasce em Espanha e desagua no rio Douro.

Já a central do Alto Tâmega, com uma capacidade de 160 megawatts, só entra em operação mais tarde, no início de 2024.

A Iberdrola vai investir um total de 1.500 milhões de euros para construir o sistema eletroprodutor do Tâmega, o maior investimento energético em Portugal na última década.

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