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‘Impeachment’. Trump congelou milhões de dólares em assistência militar à Ucrânia sem autoridade legal

O entidade independente Government Accountability Office denunciou que o bloqueio da ajuda militar à Ucrânia foi feito sem autoridade legal. Esta é mais uma das provas que reforça a causa democrata de fazer cair o 45.º presidente dos Estados Unidos.
  • Jonathan Ernst / Reuters
16 Janeiro 2020, 17h14

O documento de oito páginas do Government Accountability Office (GAO, sigla em inglês), órgão independente dos partidos, denunciou esta quarta-feira, que a Administração de Donald Trump não tinha autoridade legal para congelar milhões de dólares em assistência à Ucrânia e que os motivos para este bloqueio eram principalmente políticos, de acordo com a notícia avançada pelo Wall Street Journal.

Esta poderá ser uma das novas provas que Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes e a cara do processo de destituição, anunciou ter contra Donald Trump dado que este organismo independente não tem uma funcionalidade nem poder persecutórios, já que trabalha apenas para o Congresso.

O GAO conclui assim que o Governo de Trump bloqueou aquela ajuda financeira à Ucrânia de forma indevida e por motivos políticos. “A execução fiel da lei”, pode ler-se no documento, citado pelo WSJ, “não permite que o Presidente substitua as suas próprias prioridades políticas por outras que o Congresso promulgou como lei”.

Em dezembro, a organização não lucrativa de jornalismo de investigação Center for Public Integrity, relatou que bastaram cerca de 90 minutos após o telefonema entre os Presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, para a Casa Branca ordenar ao Pentágono o congelamento do financiamento militar a Kiev. Os fundos destinados àquele país do Leste foram disponibilizados depois, em setembro, um denunciante ter dado o alerta sobre o polémico telefonema. Os alarmes soaram em território norte-americano: a queixa do denunciante levou os democratas a darem início a uma investigação de impeachment.

Esta quinta-feira, o Senado prepara-se para abrir um processo contra Donald Trump depois da Câmara de Representantes ter votado, nesta quarta-feira, o envio dos dois artigos para o impeachment. Agora que foram aprovados, o julgamento do processo de destituição de Donald Trump, com base em acusações de abuso de poder e de obstrução ao Congresso devido à relação com a Ucrânia, deverá começar já a 21 de janeiro.

Ucrânia vai investigar alegada vigilância de ex-embaixadora dos EUA

As autoridades ucranianas anunciaram hoje a abertura de uma investigação sobre uma possível vigilância ilegal da ex-embaixadora dos EUA em Kiev, que é testemunha-chave no processo de destituição do Presidente Donald Trump.

Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, foi afastada do seu cargo pelo Presidente em 2019, depois de ter revelado discordar da interferência de Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Donald Trump, na estratégia diplomática norte-americana naquele país.

Yovanovitch foi uma das testemunhas arroladas pelos democratas na Câmara de Representantes no inquérito para a destituição do Presidente, em que Trump é acusado de ter pressionado o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para investigar a atividade da família de Joe Biden, eventual adversário político nas eleições presidenciais de novembro próximo, junto de uma empresa da Ucrânia.

Esta semana, no momento em que o processo de ‘impeachment’ transitou para o Senado, onde haverá um julgamento político de Trump, a Câmara de Representantes revelou novos dados implicando um colaborador de Giuliani numa estratégia para denegrir publicamente a imagem da ex-embaixadora Yovanovitch, que implicava a sua vigilância.

Hoje, o Governo ucraniano anunciou que vai investigar as suspeitas de que Yovanovitch pode ter estado a ser vigiada ilegalmente no final do seu mandato em Kiev.

“A polícia nacional iniciou uma investigação judicial por violação do sigilo de correspondência e de conversas telefónicas”, anunciou o Ministério do Interior, dizendo ter fortes suspeitas de ter havido “invasão da vida privada” de Marie Yovanovitch.

O Governo anunciou também uma outra investigação judicial após revelações de ataques cibernéticos russos contra a empresa Burisma, que está no centro do processo de ‘impeachment’ de Trump, por ter sido a organização energética a que esteve ligado Hunter Biden, filho de Joe Biden, ex-vice-Presidente dos EUA e pré-candidato democrata às eleições presidenciais de 2020.

Nesse sentido, o Governo russo disse ter pedido ajuda ao FBI, o organismo de investigação judicial norte-americano, e a uma empresa informática da Califórnia, especializada em luta contra a pirataria digital, para desenvolver as averiguações.

 

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