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Indústria cimenteira vai investir dois mil milhões de euros na descarbonização até 2050

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios o presidente da ATIC e CEO da Cimpor, Luís Fernandes, adiantou que a indústria pretende fazer o seu caminho cumprindo as metas para a descarbonização e, para o efeito, conta com as verbas do PRR e do Portugal 2030.
9 Julho 2022, 20h04

A indústria cimenteira nacional vai investir 500 milhões de euros na descarbonização até 2030 e mais 1.500 milhões até 2050. Se isto não acontecer, a Associação Técnica da Indústria de Cimento (ATIC) considera que pode estar em causa a sobrevivência das empresas e de todos os postos de trabalho.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios o presidente da ATIC e CEO da Cimpor, Luís Fernandes, adiantou que a indústria pretende fazer o seu caminho cumprindo as metas para a descarbonização e, para o efeito, conta com as verbas do PRR e do Portugal 2030.

Luís Fernandes revelou que as cimenteiras estão a trabalhar na produção do chamado “cimento verde”, em processos que visam aumentar a eficiência dos fornos, nomeadamente com a utilização dos gazes quentes para a produção de energia elétrica, sendo que a Cimpor conta ter já uma fábrica a trabalhar assim no próximo ano, e a utilizar energias renováveis, porque se isso não avançar, o futuro do setor está em risco.

Nesse sentido, para que os projetos, nomeadamente do PRR, não fiquem pelo caminho, a ATIC pede mais celeridade nos licenciamentos.

Luís Fernandes revelou também que a falta de mão de obra na construção civil e a prudência do investimento privado, levaram a uma redução das vendas de cimento no segundo trimestre deste ano. Ainda assim, a ATIC estima acabar o ano com valores superiores aos registados o ano passado, mais 3% ou 4% do que em 2021.

Nesta altura produzir cimento custa mais 20% do que no início do ano. Este aumento dos custos está assente, em grande parte, no aumento da eletricidade.

Em dois anos os custos da eletricidade triplicaram e as medidas que o governo tem vindo a introduzir permitiram apenas compensar 10% desse custo, sublinha Luís Fernandes, destacando que são mais 150 euros por cada megawatt hora. O preço tem vindo a ser refletido no consumidor final, mas com alguma redução também das margens de lucro.

A indústria do cimento é um dos sectores que enfrenta maiores desafios em matéria de neutralidade carbónica porque também é uma das mais poluentes e, por isso, o presidente da ATIC pede ao governo que aumente as taxas de deposição em aterro, obrigando a que haja um aproveitamento maior dos resíduos e a uma taxa mais baixa.

O presidente da ATIC adiantou ainda que não foi contactado no sentido de interromper a produção para disponibilizar energia por causa da situação de seca, e acredita que não será necessário.

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