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Inflação na zona euro pressiona ainda mais BCE e pode chegar a 10% ainda este ano

O indicador subjacente, que ignora os bens energéticos e os alimentares não-transformados, voltou a subir e superou as expectativas dos analistas em 0,2 pontos percentuais, o que aumenta a probabilidade de uma subida de 75 pontos base nos juros na próxima semana.
1 Setembro 2022, 08h10

Com uma nova subida da inflação na zona euro em agosto, o Banco Central Europeu (BCE) fica cada vez mais pressionado a agir de forma rápida e eficaz sobre os juros diretores da moeda única, levando os mercados a apontarem com probabilidade crescente para uma subida de 75 pontos base (p.b.) na próxima semana. A manter-se a atual tendência, referem vários analistas, a variação homóloga de preços pode mesmo chegar a uma taxa de dois dígitos este ano.

Os dados preliminares do Eurostat quanto aos preços em agosto mostraram nova subida da inflação, desta vez para 9,1%, superando mesmo as expectativas do mercado, que o levantamento do portal TradingEconomics colocava em 9,0%.

A pressão causada pelos consumos energéticos aliviou pelo segundo mês consecutivo, deixando a subida de agosto a cargo sobretudo dos bens alimentares processados e dos bens industriais não-energéticos, o que levanta algumas preocupações quanto à persistência e disseminação da inflação, argumenta uma nota do banco ING.

O departamento de análise económica e financeira neerlandês relembra que “as pressões globais do lado da oferta têm vindo a abrandar nos últimos meses”. Prova disso é a queda no preço de várias commodities, como bens alimentares ou o petróleo, mas “problemas específicos da Europa continuam a colocar a inflação em alta”, especialmente a crise energética e a seca.

Do lado da procura, a pressão nos preços continua a ser pouca, com o consumo das famílias “bem abaixo dos níveis pré-pandémicos”, sublinha o banco. Isto agrava o dilema atual do BCE, especialmente “se sinais de dificuldades económicas se tornarem mais evidentes”.

Para a Pantheon Macro, a reunião da próxima semana de política monetária resultará mesmo numa subida de 75 p.b..

“A leitura da [inflação] subjacente saiu 0,2 pontos percentuais (p.p.) acima do esperado, pelo que estamos inclinados para acreditar que isto fará o BCE subir 75 p.b.”, lê-se na análise do think tank, que prevê uma subida deste subindicador até dezembro até 4,6%, “o que será suficiente para levar a inflação nominal perto dos 10% em setembro e outubro”.

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