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Inflação no Reino Unido não deve abrandar até fevereiro e pode chegar a 12%

Apesar do recuo que se deverá registar em agosto e setembro, o aumento do teto máximo para a fatura energética das famílias britânicas deve continuar a empurrar o indicador de preços para as dezenas em outubro e até ao próximo ano, projeta o banco neerlandês ING.
17 Agosto 2022, 17h05

A inflação no Reino Unido ultrapassou os 10% em julho pela primeira vez desde 1980, chegando aos 10,1% e superando as projeções dos analistas, que apontavam para 9,8%. O indicador subjacente também voltou a subir e a ultrapassar as expectativas, indicando que a pressão nos preços não deverá ainda ter chegado ao seu pico.

O departamento de análise do banco ING projeta que o indicador se fixe em torno dos 12% entre outubro deste ano e fevereiro do próximo, dado o impacto da energia noutras categorias e sectores da economia.

A inflação core, como é referida vulgarmente a variação do índice de preços no consumidor (IPC) sem as componentes energética e alimentar não-transformada, chegou a 6,2%, dado o aumento nos custos da habitação, que aceleraram 20% em termos homólogos.

Em sentido inverso, os transportes registaram uma redução marginal, passando de 14,9% no mês anterior para 14,8%, o que não compensou os aumentos registados noutras categorias como a cultura, turismo ou alimentação e bebidas não-alcoólicas. Isto, segundo os analistas do banco neerlandês ING, deixa antever novas subidas nas leituras após setembro.

“No próximo mês, a inflação deverá cair abaixo dos 10%, dada a queda de quase 7% nos preços médios dos combustíveis”, começa por afirmar a nota de pesquisa do banco. No entanto, este alívio será “apenas temporário, [visto que] vem aí um aumento de 75% no teto dos custos da energia para as famílias”.

Esta medida significará uma passagem de 2 mil libras (2.368,88 euros) para 3.500 libras (4.145,87 euros) na conta média da energia das famílias britânicas, conta essa que chegará mesmo às 5 mil libras (5.922,66 euros) em abril do próximo ano e aumentando ainda mais os custos associados a habitação.

Ao mesmo tempo, os salários têm subido nos últimos meses, mas a um nível bastante abaixo da inflação registada, o que significa uma perda do poder de compra dos cidadãos britânicos. Ainda assim, o Banco de Inglaterra manter-se-á atento à dinâmica salarial, procurando evitar um maior agravamento dos preços e, sobretudo, das perspetivas de inflação de médio e longo prazo, de forma a prevenir efeitos de segunda ordem que gerem espirais inflacionistas.

A projeção do ING passa assim por uma nova subida dos juros em 50 pontos base (p.b.) na próxima reunião de política monetária do banco central, em setembro, mantendo em aberto a possibilidade de mais um aumento em novembro.

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