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Inflação só será controlada com recessão profunda, avisa Blackrock

O maior fundo de investimento do mundo projeta que tenha terminado o período de grande estabilidade na economia mundial, apontando agora a uma nova fase de maior volatilidade. Recessão na zona euro parece certa, algo não garantido nos EUA, mas o cenário é ainda mais preocupante no Reino Unido.
7 Outubro 2022, 15h42

A Blackrock avisa que será necessária uma “recessão profunda” para controlar a inflação, apontando para a política monetária atual e o esmagamento que esta terá de ter sobre as economias ocidentais, e projeta que este cenário se materialize mesmo na Europa, dada a sua dependência energética.

Na mais recente atualização das suas perspetivas económicas, o fundo de investimento destaca os constrangimentos do lado da produção, onde ainda se verificam resquícios da disrupção causada pela pandemia que explicam a origem da subida generalizada de preços a que agora se assiste.

O cenário de recessão será uma inevitabilidade caso os bancos centrais pretendam controlar a inflação, com a Blackrock a falar na necessidade de uma “procura esmagada” pela política monetária. Assim, “a sequência para os bancos centrais é clara”, defende, e passará por um estrangulamento da procura, ao qual se seguirá um “significativo dano económico” e, finalmente e passados “muitos meses”, uma baixa da inflação.

Na zona euro, este cenário parece altamente provável, dado o impacto da crise energética na atividade económica; já nos EUA, o fundo de investimento vê a tarefa de controlar a inflação como mais difícil, projetando que o abrandamento da economia não seja suficiente para as perspetivas de médio-prazo deste indicador voltarem a 2%, o alvo da Reserva Federal.

O caso mais preocupante é, ainda assim, o do Reino Unido, onde “o esbanjamento orçamental do governo o coloca em confronto direto com o Banco de Inglaterra”, colocando “sérias dúvidas sobre a credibilidade da política macro” do Executivo de Liz Truss.

E, desta feita, nem a China servirá de balão de oxigénio para o Ocidente, dada a sua apertada política pandémica e os efeitos da mesma na atividade económica. Acresce ainda uma bolha imobiliária preocupante e “uma resposta muda” de Pequim, que parece pouco investido em ajudar na recuperação mundial.

Nos mercados, o conselho da Blackrock é para os investidores se habituarem ao contexto de elevada incerteza e volatilidade, argumentando que os anos de estabilidade e moderação terão terminado. No entanto, isto significa também retornos acrescidos, dado o maior risco envolvido, embora os mercados norte-americanos não pareçam ainda estar a incorporar totalmente na sua performance a esperada quebra da economia mundial, pelo que se esperam mais quedas em Wall Street.

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