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“Insatisfação generalizada”: empresas de transporte chumbam infraestrutura ferroviária

Condições da via ferroviária mereceram “100% de respostas insatisfatórias”, com um ‘chumbo’ unânime à “disponibilidade de equipamentos de segurança, ao estado geral de conservação da via e à adequação dos investimentos em curso”, segundo estudo da AMT.
15 Março 2018, 16h51

As conclusões são da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), no âmbito de um questionário feito e cujos resultados foram divulgados hoje, incluindo ainda a avaliação dos serviços de transporte de passageiros e de mercadorias.

A insatisfação quase generalizada (60%) foi afirmada na avaliação da infraestrutura ferroviária, assim como das instalações de serviço (75%), na consulta aos utilizadores da infraestrutura ferroviária e das instalações de serviço ferroviário.

As condições da via ferroviária mereceram “100% de respostas insatisfatórias”, com um ‘chumbo’ unânime à “disponibilidade de equipamentos de segurança, ao estado geral de conservação da via e à adequação dos investimentos em curso”.

“Também negativa é a opinião sobre os aspetos relativos à homogeneidade da velocidade nos itinerários e ao estado de modernização da rede”, lê-se.

“É também possível constatar que as linhas do Minho, Beira-Alta, Oeste, Cascais, Vendas Novas e Alentejo são as que revelam menor satisfação por parte dos inquiridos”, segundo o resumo do relatório, que, no capítulo sobre as infraestruturas ferroviárias, precisou que a linha da Beira Alta recebeu 100% de respostas muito insatisfatórias.

Houve ainda 60% de respostas insatisfatórias quanto à qualidade global da sinalização e telecomunicações, questões sobre tarifas, diretório de rede e gestão da segurança ferroviária.

Perceção mais positiva é feita quanto às questões de “comando e controlo da circulação e ao sistema de fornecimento de energia elétrica e tração”, recebendo 100% de respostas satisfatórias os “aspetos relacionados com a gestão da capacidade e a interação e comunicação com o gestor da infraestrutura”.

As empresas afirmaram ainda “insatisfação generalizada quanto às condições oferecidas pelas diversas instalações de serviço” e, em geral, a perceção é que, “nos últimos dois anos, a qualidade das instalações de serviço e da sua gestão manteve-se inalterada”.

Unanimemente foi declarada insatisfação quanto às estações de passageiros, seguindo-se uma maioria de críticas às instalações de serviço e instalações de abastecimento de combustível.

Há também insatisfação de 67% quanto a terminais de mercadorias, ligações aos portos, instalações de manutenção e outras instalações técnicas, incluindo as de limpeza e lavagem. As instalações de estacionamento e formação de comboios e feixes de resguardo é a questão onde existe menor insatisfação, tendo, ainda assim, 60% de respostas insatisfatórias.

“Todas as empresas licenciadas para prestar serviços de transporte ferroviário em Portugal responderam ao questionário, garantindo-se assim uma perspetiva totalmente abrangente por parte dos utilizadores”, adianta ainda o documento.

Face a estas conclusões, a ATM elencou vários planos de ação como um estudo que permita a homologação anual das tarifas em linha com as melhores práticas europeias, um relatório de auditoria para identificar a execução dos planos de investimentos e a “análise dos indicadores e das metas constantes do Contrato Programa entre o Estado Português e a Infraestruturas de Portugal, tendo por objetivo avaliar a existência de um regime de incentivos adequado e que contribui para a eficácia da prestação do serviço público de gestão da infraestrutura ferroviária com o decorrente impacto positivo na atratividade e sustentabilidade do transporte ferroviário”.

Auditoria às contas de regulação ferroviária, análise dos Diretórios da Rede e homologação das tarifas e a “recolha de informação junto das empresas ferroviárias sobre o desempenho operacional da infraestrutura e do gestor da infraestrutura que não esteja considerada no âmbito do Contrato Programa entre o Estado Português e a IP, potenciando o desempenho da AMT ao nível da regulação, supervisão e acompanhamento destes serviços”, são outros dos caminhos apontados.

Neste relatório datado de março, a AMT nota que os dados “refletem a perceção dos utilizadores e representantes dos utilizadores quanto ao mercado, não representando necessariamente toda a realidade existente”.

Conforme previsto na lei, a AMT deve consultar periodicamente, pelo menos de dois em dois anos, “os representantes dos utilizadores de serviços ferroviários de mercadorias de passageiros, a fim de ter em conta as suas opiniões sobre o mercado ferroviário”.

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