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Insultos racistas a Vinícius Júnior. Liga espanhola tem “bomba-relógio nas mãos”, diz diretor-executivo do IPAM

Daniel Sá defende que o pior que a Liga espanhola pode fazer é não tomar “uma posição dura e sólida” sobre um tema que pode até afetar a candidatura de Espanha ao mundial de 2030 em conjunto com Portugal. “Existe esse risco associado”, afirma.
  • Vinicius Jr
23 Maio 2023, 12h45

Os insultos racistas levados a cabo contra o jogador do Real Madrid, Vinícius Júnior, voltaram a gerar uma onda de críticas e indignação que se estendeu para lá das quatro linhas. A última situação aconteceu no último fim de semana numa partida contra o Valência.

Em declarações ao Jornal Económico (JE), Daniel Sá, diretor-executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) de Lisboa, considera que este cenário poderá criar problemas à Liga espanhola do ponto de vista financeiro a curto prazo face à preocupação que este tipo de situações costuma gerar entre os patrocinadores.

“Está aqui uma bomba relógio seguramente nas mãos. E o pior que pode que acontecer é a própria liga não ter uma posição dura e sólida sobre isto”, refere, assumindo que este é um tema muito “sensível e fraturante” que pode colocar em causa anos de trabalho.

“É um bom exemplo de um enorme problema que pode ter impacto económico e de reputação muito significativos, porque de alguma forma parece que o peso fica muito na organização da própria liga em resolver o problema, sabendo que é algo que não é fácil de resolver. Como é que se evita que um estádio inteiro ou dez adeptos tenham este tipo de manifestações”, questiona.

Para o docente, o principal problema no ponto de vista dos patrocinadores está no facto de estes poderem vir a “ser contaminados” por este problema e como tal pressionarem a liga espanhola para tomar decisões.

“Os patrocinadores investem muito dinheiro, neste caso na Liga espanhola e medem de uma forma muito criteriosa quer a exposição mediática que têm, quer o retorno financeiro ao cêntimo que dá esta sua ligação à liga espanhola, mas também medem com muita regularidade os atributos que esta associação lhe dá”, salienta.

Daniel Sá acredita que pelo facto do campeonato espanhol a estar perto do fim poderá amenizar toda esta situação e que todos os holofotes vão estar concentrados na nova temporada. “Se as coisas começarem tortas seja com o Vinícius Júnior ou outros atletas, então esta bola de neve pode ficar muito difícil de gerir”, sublinha.

Mundial 2030 em causa? “Existe esse risco associado”

Outro dos grandes danos colaterais criados pelos insultos racistas ao jogador do Real Madrid poderá ser uma eventual não atribuição do mundial de 2030 a Espanha, onde se encontra numa candidatura conjunta com Portugal, e Marrocos.

“Existe esse risco associado. A FIFA tem insistido nesta campanha do não ao racismo e seguramente não quer correr o risco de atribuir a competição a um país que neste momento está a viver este problema. O mundo é perigoso neste tipo de coisas. Espanha corre o risco de ficar colada a esta ideia de ser um país racista”, realça.

A dimensão que o futebol tem acaba por dar maior impacto a todo este caso e pode criar problemas a Espanha, para lá da vertente desportiva.

“É evidente que a sociedade espanhola não é racista, mas que estes episódios passem a ideia de que Espanha é um país racista e isso fique colado, então este é um perigo mesmo muito grande, não apenas para um futuro campeonato do mundo, mas até mesmo para outras atividades económicas. São as vantagens e desvantagens da enorme visibilidade que o futebol tem”, explica o diretor-executivo do IPAM.

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