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Integração ferroviária ibérica é mais importante do que com a Europa, defendem economistas

A falta de ligação entre Portugal e Espanha em alta velocidade é um problema que castiga sobretudo a nossa economia e um investimento que tem vindo a ser sucessivamente adiado, algo que os economistas presentes no X Seminário Ibérico de Economistas lamentaram.
24 Maio 2023, 13h47

A integração ferroviária ibérica é um passo importante a dar e que impulsionará ambas as economias, com maior importância para Portugal, e ainda mais relevante do que a ligação ao resto da Europa. Ainda assim, a resistência francesa, na questão da ligação europeia, e a falta de compromisso português têm vindo a adiar sucessivamente este tema.

Esta foi uma das ideias principais do painel ‘As Infraestruturas Ibéricas. Um Assunto Pendente’, realizado no X Seminário Ibérico de Economistas, um evento organizado na Ordem dos Economistas portuguesa com a colaboração do Conselho General de Economistas espanhol e do qual o Jornal Económico é media partner.

A necessidade de revitalização da ferrovia nacional tem sido um tema quente dos últimos anos, o que levanta também a questão da falta de ligações com Espanha, com maior destaque para o troço Lisboa-Madrid. Neste capítulo, os oradores do painel concordaram com a afirmação inicial de Luís Mira Amaral, engenheiro e economista, que o projeto já deveria já feito.

O antigo ministro da Indústria e da Energia questionou a prioridade dada, por exemplo, às ligações energéticas focadas para o hidrogénio, uma tecnologia ainda não matura “e não competitiva”, em detrimento da aposta na ferrovia.

“Em Espanha, a alta velocidade arrancou com a Expo Sevilha, com a ligação Sevilha-Madrid, e desde aí nunca parou”, afirmou Carlos Correia da Fonseca, especialista em economia de transportes e consultor do Banco Mundial. A exceção, ressalva, foram as ligações para Portugal – mas o motivo, aponta, é a pausa nacional no aprofundamento do projeto.

Apesar do debate em torno da bitola ibérica ou europeia, que tem sido uma constante na questão ferroviária em Portugal, os oradores defenderam que o investimento tem de ser feito. E, para Miguel Rebelo de Sousa, vice-presidente e diretor executivo da Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias, esta nem é a principal dúvida.

“Espanha tem 3mil km de alta velocidade, mas tem muito mais do dobro disso em bitola ibérica. O tráfego de mercadorias, dos principais portos, as mercadorias geradas em porto em transporte rodoviário, […] essas ligações são normalmente de bitola ibérica”, relembrou Carlos Correia da Fonseca.

“A maior complexidade é mesmo a fronteira entre Espanha e França”, aponta, lembrando os investimentos pendentes naquela região, sobretudo a aguardar aprovação francesa. Para José-Maria Casado Raigón, diretor das Relações Internacionais do Conselho Geral de Economistas em Espanha, a posição francesa é “inconcebível”.

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