Na semana passada, referi neste espaço que a massificação da Inteligência Artificial (IA) poderá ter um impacto significativo na inflação a médio prazo. Será, provavelmente, um indutor de deflação.

Arrisco a dizer, e creio não estar a exagerar, que a massificação da IA é o maior avanço tecnológico global e disruptivo depois da internet. O termo “massificação” é fundamental aqui, pois a IA existe há muito tempo, mas agora está disponível para todos em versões gratuitas ou de baixo custo.

Tal como sucedeu com a internet, a Inteligência Artificial irá eliminar profissões, intermediários e permitirá processos de geração de valor inéditos ou a uma fração do custo. Haverá vencedores e perdedores e provocará uma baixa de preços em muitos mercados devido à maior autossuficiência dos agentes económicos.

Esta tendência é tão irreversível que obriga todos a tomar uma posição. Por exemplo, durante anos, a Google manteve-se contida na disponibilização da IA ao público para proteger o seu modelo de negócio e reputação. Já não se pode dar ao luxo de o fazer e, esta semana, anunciou que também terá de ir a jogo.

A partir de agora, veremos um forte combate à Inteligência Artificial, travado por aqueles que se sentem ameaçados em termos económicos ou de poder. Algumas preocupações levantadas serão relevantes, enquanto outras não farão muito sentido.

Recentemente, Warren Buffet lembrou que “não é possível “desinventar” a Inteligência Artificial.

Essa frase pode parecer trivial, mas relembra-nos que já não se pode colocar o génio de volta à garrafa, agora que a aplicação da IA começa a encontrar os primeiros obstáculos e críticas. Haverá a tentação de impor regulamentações, controlos e impostos, mas não estamos perante uma moda passageira. Preparem-se porque a criatura está aqui para ficar e traz consigo uma revolução.