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“Intolerável!” “Horrível!” “Massacre!”: líderes reagem ao ataque químico na Síria

“A maioria das vítimas e os que estão a sofrer são crianças”, denunciam socorristas que estão no local. O Conselho de Segurança da ONU promove hoje uma reunião de emergência para abordar estes acontecimentos.
  • REUTERS/Ammar Abdullah
5 Abril 2017, 11h02

Líderes mundiais expressaram choque e indignação depois dos relatos de um alegado ataque químico na Síria, que matou dezenas de civis.

O ataque provocou pelo menos 58 mortos, 11 são crianças, e mais de 300 feridos. Foi considerado como um dos piores ataques com armas químicas na guerra da Síria. A oposição síria (os curdos, os rebeldes e a comunidade internacional) acusam os aviões de Bashar al-Assad pelo bombardeamento em Idlib, província do noroeste da Síria quase totalmente controlada pelos rebeldes (que combatem as forças de Assad).

Em comunicado, e numa referência ao ataque na localidade de Khan Cheikhoun, o presidente dos Estados Unidos insistiu que os “atos atrozes” de Al-Assad “são consequência da debilidade e indecisão” demonstradas pelo seu antecessor, Barack Obama.

Em paralelo, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, advertiu hoje que Bashar al-Assad deverá “prestar contas” pelos ataques químicos atribuídos ao seu regime e exortou a Rússia e Irão a refrearem o seu aliado.

“Enquanto continuamos a seguir esta situação terrível, torna-se claro que é assim que atua Assad: com um barbarismo brutal e sem complexo”, afirmou Tillerson.

Hussein Kayal, um fotógrafo a favor da oposição, disse à agência de notícias Associated Press que acordou com o som de uma explosão durante a madrugada. Quando chegou à rua não havia cheiro, contou à BBC. Não cheirava a nada mas deparou-se com outro cenário: encontrou pessoas deitadas no chão, incapazes de se moverem.

Mohammed Rasoul, um voluntário que trabalha numa ambulância em Idlib, disse à BBC que a sua equipa encontrou pessoas, muitas delas crianças, a sufocar na rua.

No dia 29 de março, a embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que, para o seu país, a remoção do Presidente sírio do poder deixou de ser a prioridade, e passou a ser o fim da guerra na Síria.

“As pessoas escolhem as suas batalhas. E quando estamos a olhar para isto [Síria] trata-se de mudar prioridades e a nossa prioridade já não é a remoção de (Bachar al-)Assad”, declarou Nikki Haley aos jornalistas, citada pela Lusa.

Haley prestou declarações depois de Rex Tillerson ter indicado uma mudança na posição dos EUA, ao admitir que o destino de Al-Assad deve ser decidido pelo povo sírio.

Hoje, numa reação aos acontecimentos, que implicaram uma vaga de protestos internacionais, as Forças Armadas sírias desmentiram “categoricamente a utilização de qualquer substância química ou tóxica em Khan Cheikhoun”, num comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial Sana.

“Os grupos terroristas [os insurretos] e aqueles que os apoiam são responsáveis pela utilização de substâncias químicas e tóxicas e de terem sido neglientes com as vidas de civis inocentes”, acrescentaram.

O Conselho de Segurança da ONU promove hoje uma reunião de emergência para abordar estes acontecimentos.

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, a substância usada no ataque ainda não é concreta, no entanto, acreditam ser o gás sarin, um agente neuro-tóxico inodoro e invisível, quase impossível de detectar, e considerado 20 vezes mais mortal do que o cianeto.

O enviado da ONU na Síria, Staffan de Mistura, disse que foi um ataque “horrível” e que deve haver uma “clara identificação de responsabilidades” pelo ataque à cidade governada pelos rebeldes.

O presidente francês François Hollande acusou o regime sírio de um “massacre”. “Mais uma vez o regime sírio negará as evidências da sua responsabilidade por este massacre”, disse Hollande em comunicado.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, disse que o presidente Bashar al-Assad vai ser acusado de um crime de guerra, se for provado a responsabilidade pelo ataque. “Bombardear os próprios civis com armas químicas é sem dúvida um crime de guerra e devem [Bashar Al-Assad e aliados] ser responsáveis por isso”, acrescentou.

Também o Papa Francisco já reagiu. “Assistimos aterrados aos últimos acontecimentos na Síria. Condeno firmemente o massacre inaceitável que aconteceu ontem [terça-feira] na província de Idleb, em que foram mortas dezenas de pessoas indefesas, entre as quais muitas crianças”, afirmou o papa durante a sua audiência semanal.

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