Enquanto se escrevem estas linhas poucos factos haverá tão previsíveis como Trump estar neste momento a ser acusado, criticado e gozado por algo que fez ou disse, ou por algo que ainda não fez ou não disse. Não há, para breve, qualquer previsão sobre quando passarão a obsoletas as censuras a Donald Trump.

Não sou mais a favor ou contra Trump do que fui a favor ou contra Obama quando este subiu ao poder. De um recém-empossado Presidente dos EUA o que faço é esperar. Espero que compreenda a responsabilidade do cargo para o qual foi eleito e a repercussão que as suas decisões terão para o mundo. O que tento não fazer é antecipar-me ao porvir e ajuizar levianamente temas para os quais tampouco tenho competências. Para já o que vejo é um candidato improvável que provou ser o escolhido dentro do sistema eleitoral do seu país e que ultrapassou muitas calúnias. Trump e a família são constantemente parodiados nas redes sociais com a manipulação de imagens e comentários. Já o vimos transformado em porco, macaco, urso e palhaço. Tudo imagens muito divertidas que não teriam a mesma graça se zombassem, por exemplo, com a família Obama. Aí, os ativistas não seriam complacentes e ergueriam cartazes de luta e protesto contra o racismo, a xenofobia e o bullying.

Lamentavelmente, muitos dos casos da intransigência para com Trump moram na inveja. Trump nasceu branco, rico e apreciador da beleza feminina. Para muitos, Trump seria o candidato perfeito se tivesse nascido negro, pobre e homossexual. Tão academicamente versado como outros presidentes, Trump é, para além disso, exímio gestor de empresas onde empregou (e despediu) muitas pessoas… Num mundo cada vez mais competitivo os resultados não se compadecem com laxismo ou compaixão. Assim como à condição de rico não vai apensa a beneficência, tampouco ao estatuto de Presidente dos EUA vai anexada a obrigatoriedade de pugnar pela paz no mundo, mas sim zelar pelos interesses americanos.

Foi isso que fez o Presidente “eleito”, que foi acusado de ter o mesmo discurso do “candidato” (a isso chamamos coerência) e de ter sido votado pelos “pobres e ignorantes” – como se tal desvirtuasse a democracia que é transversal aos “ricos e sábios” que fazem estes comentários. Enquanto a rudeza de Trump foi sempre posta em evidência, a resposta dos seus polidos opositores foi injuriar a irmã transsexual da jovem escolhida para cantar o hino americano na tomada de posse. A escolha recaiu sobre esta jovem porque os “complacentes” artistas sondados não se quiseram associar ao “intransigente” Trump. Ademais, os mesmos que argumentaram que Trump se alimenta de show off, foram os que não perderam tempo a dar o espetáculo de colocar nas redes sociais as fotografias que mostram que Obama captou mais afluência na sua cerimónia! Enquanto isto, os “muito cívicos” detratores de Trump trataram de envergar educados “pussyhats”, ao mesmo tempo que partiam montras, destruíam caixotes do lixo, arremessavam pedras e garrafas à polícia, vandalizando tudo à sua volta.

O que mais custa é que o “ignorante”, “mentiroso” e “sexista”, não é um produto apenas de si próprio, mas do fracasso de Hillary e, sobretudo, de Obama. Parece que o combate à fome, à injustiça, à guerra, à desigualdade e à pobreza da administração do afável Obama não foram suficientes para impedir uma mudança. É certo que nem todos podem ter a superioridade do Papa quando diz que “não podemos ser profetas de calamidades” ou o discernimento do Dalai Lama que espera que Trump e Putin trabalhem em conjunto pela paz global, mas não é preciso ser muito espiritual para perceber que se odiamos as pessoas odiáveis, então, estamos a ser tão odiáveis como elas. Até Bernie Sanders, candidato democrata derrotado nas primárias por Hillary e forte opositor de Trump, o elogiou referindo que se este “for sério em relação a uma nova política para ajudar os trabalhadores americanos, então eu adoraria trabalhar com ele”.

De quem vou mesmo ter saudades é de Robert Sherman….