O otimismo na zona euro parece estar em recuperação, com os investidores a afastarem-se cada vez mais da perspetiva de uma recessão ou estagflação no bloco da moeda única à medida que a crise energética revela menores impactos do que chegou a ser temido e a guerra na Ucrânia se mantém num impasse.
O mais recente indício de uma melhoria da situação económica na Europa surgiu com os indicadores de confiança do instituto alemão ZEW, que apontam para aumentos significativos nas perspetivas económicas dos investidores da zona euro e da Alemanha, a maior economia do bloco.
O indicador de expectativas económicas renovou máximos de 11 meses ao avançar mais do que o esperado, saltando para 16,9 depois de ter ficado em -23,3 em dezembro, ou seja, voltando a território de expansão da atividade depois de largos meses em terreno de contração.
Esta foi mesmo a primeira leitura positiva desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro, com o ZEW a mencionar “uma situação mais favorável nos mercados energéticos e os travões desenhados pelo Governo federal” alemão como os principais motores da evolução, aos quais se junta a reabertura da China.
Esta melhoria, explica a Pantheon Macro, deixa antever subidas nos índices de gestores de compras para o primeiro trimestre, o que pode traduzir uma economia que escapou à recessão técnica, evitando dois períodos consecutivos de crescimento negativo. Mais, a performance acima do projetado combinada com a postura agressiva do Banco Central Europeu (BCE) e a mudança para um tom mais dovish da Reserva Federal têm impulsionado a moeda única, que subiu 13% desde setembro e está atualmente perto de 1,10 dólares.
Em linha com esta prestação do euro, o departamento de análise financeira e económica do banco ING fez “um reset de fábrica” às suas projeções para o par cambial, antecipando agora que a moeda única se consiga ancorar em torno dos 1,15 dólares a partir do segundo trimestre.
Isto ajuda igualmente os índices europeus, com o STOXX 500 a valorizar cinco pontos percentuais acima da média global, ao passo que o mercado de obrigações tem vindo a acalmar depois dos máximos recentes, descendo perto de 30 pontos base (p.b.) desde o início do ano.