O negociador-chefe do Irão às negociações sobre o Acordo Nuclear, Ali Bagheri Kani, ainda não se pronunciou oficialmente – o que esta semana se revelou necessário – mas a agência France Press (que cita um jornal iraniano próximo do regime) divulgou que uma fonte não identificada mas de alto nível confirmou que o país se prepara para aceitar o compromisso final elaborado em Viena para salvar o que foi acordado em 2015.
“As propostas da União Europeia são aceitáveis desde que forneçam garantias ao Irão em vários pontos, relacionados com as sanções”, bem como com questões pendentes com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), escreve o jornal IRNA, citando um diplomata iraniano.
As sanções foram impostas pela anterior administração de Donald Trump em 2018, quando decidiu sair do perímetro do acordo – e não são vinculativas para qualquer outro país, dado não terem passado pelo crivo da ONU, mas contribuíram em larga escala para o definhamento da economia iraniana.
Quanto á questão da AIEA, o Irão parece querer que a agência baixe o nível de monitorização do plano nuclear do país. Este ponto pode ser mais controverso, dado que os países implicados nas negociações estão convencidos de que há provas inequívocas de que o Irão tem um projeto militar ligado à energia nuclear. O abaixamento da monitorização pode manter este plano, considerado ilegal em termos das leis internacionais.
A AIEA encontrou vestígios de urânio enriquecido em três locais não declarados e em território iraniano e em junho passado o conselho de governadores da agência criticou fortemente o Irão por dar fracas explicações sobre o assunto.
Grã-Bretanha, China, França, Alemanha, Irã e Rússia, bem como os Estados Unidos indiretamente retomaram as negociações sobre o Acordo Nuclear na semana passada, após um hiato de vários meses e a transferência dos encontros para o Catar – que não motivou qualquer avanço. As negociações, coordenadas pela União, começaram em abril de 2021, antes de serem interrompidas em março seguinte.
A UE disse na terça-feira que espera que Teerão e Washington respondam “muito rapidamente” a um texto “final” destinado a salvar as negociações. Mas Teerão respondeu que, ao contrário do que foi dito pelo bloco europeu, o regime iraniano não considerava o último texto como “final” antes que o poder central se pronunciasse sobre ele.
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