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Irão e Venezuela juntam esforços para ultrapassar sanções ao petróleo

Ministro iraniano do Petróleo esteve em Caracas para um encontro com o presidente Nicolás Maduro. Na agenda esteve o de bate sobre formas de os dois países rodearem as sanções norte-americanas à venda de petróleo.
3 Maio 2022, 17h10

Numa altura em que o preço do petróleo está em alta nos mercados internacionais e uma parte do mundo procura desesperadamente alternativas à produção russa, Irão e Venezuela realizaram um encontro em Caracas, capital do país sul-americano, para estabelecerem uma estratégia comum que lhes permita ultrapassar as sanções impostas por Washington.

Não sé com certeza muito difícil: há poucas semanas foi noticiado que os Estados Unidos estavam a tentar comprar petróleo à Venezuela. De facto, a reunião de Caracas ocorre apenas algumas semanas após uma visita ‘secreta’ de autoridades norte-americanas que tentam encontrar formas de diminuir o preço do petróleo, em alta devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Recebi Javad Owji, ministro do Petróleo da irmã República Islâmica do Irão”, disse Maduro no Twitter. E acrescentou que foi “uma reunião produtiva para aprofundar os laços de fraternidade e cooperação em questões energéticas”.

Antes de se encontrar com Maduro, Owji reuniu com o ministro da Indústria venezuelano, Tareck El Aissami, para discutir “a construção de rotas e mecanismos para superar as medidas coercitivas unilaterais impostas pelo governo dos Estados Unidos e países aliados”, segundo comunicado do Ministério do Petróleo venezuelano.

A Venezuela tem das maiores reservas identificadas de petróleo do mundo e o Irão disse no mês passado que a sua capacidade de produção voltou aos níveis anteriores da re-imposição das sanções norte-americanas em 2018, durante a administração Trump.

Os laços bilaterais entre os dois produtores de petróleo eram fortes sob o regime do líder socialista Hugo Chávez (1999-2013) e fortaleceram-se ainda mais sob o seu sucessor. O Irão é, juntamente com a China e a Rússia, um forte aliado da Venezuela. Em 2020, a Venezuela recebeu dois carregamentos de combustível e derivados do Irão para ajudar a gerir a escassez doméstica.

A reunião secreta de março entre autoridades norte-americanas e Nicolás Maduro não foi bem recebida nos Estados Unidos, principalmente pelos republicanos, que questionaram o presidente Joe Biden sobre se conta ou não manter a pressão sobre o regime de Maduro.

A Casa Branca viu-se obrigada a esclarecer que não estava a entrar num regime de “conversa ativa” com a Venezuela sobre importações de petróleo. Mas o certo é que o país da América do Sul tem beneficiado de uma enorme ‘despressurização’ da política da Casa Branca em relação ao regime de Maduro. Será de recordar que a invasão da Venezuela por parte de tropas dos Estados Unidos chegou a ser ponderada pela administração Trump na sequência da decisão da Casa Branca em aceitar o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino do país.

O ‘amor’ entre Guaidó e Trump não durou muito e a administração Biden nunca deu mostras de confiar em Guaidó como acontecia com a anterior administração republicana.

Por outro lado, Biden também se mostrou interessado em diminuir a pressão norte-americana sobre o Irão – o que fica provado pela manutenção de conversações em Viena, capital da Áustria, com vista ao ‘renascimento’ do Acordo Nuclear de 2015, gizado e assinado pelo antigo presidente Barack Obama.

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