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Irão intensifica diplomacia antes de viagem de Biden ao Médio Oriente

O regime de Teerão não quer ficar encurralado dentro das suas fronteiras, mas sabe que pode ser essa a intenção do presidente norte-americano Joe Biden. O regime está a fazer esforços por manter relevância diplomática.
20 Junho 2022, 16h40

Os jornais iranianos dão esta semana conta de uma intensa atividade diplomática do Irão junto de vários países do Médio Oriente, com a intensão declarada de o governo de Teerão não cair na ‘ratoeira’ da irrelevância – num quadro em que Israel e a Arábia Saudita, os seus dois principais inimigos externos, têm fortes expectativas de melhorarem as suas relações, algo deterioradas, com a administração democrata de Joe Biden.

Segundo aquelas fontes, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hossein Amir Abdollahian, falou via telefone com alguns de seus homólogos árabes. Nesse contexto, falou pela primeira vez com o chefe da diplomacia de Omã, Badr al-Bu Saidi, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan.

Na sua conversa com Omã, Amir Abdollahian falou sobre “a próxima visita de Biden à região, observando que as autoridades da Ásia Ocidental não devem permitir que países extrarregionais influenciem a cooperação e a estabilidade da região”, segundo comunicado do Ministério iraniano. “Enfatizamos o diálogo e a cooperação na região e acreditamos que as nações da Ásia Ocidental devem decidir o seu próprio futuro”, destacou.

Amir Abdollahian enviou uma mensagem semelhante ao ministro dos Emirados Árabes Unidos, dizendo ao Sheikh Abdullah que “o Irão quer segurança e progresso para os vizinhos e para toda a região, mas ao mesmo tempo acredita que a interferência e a presença estrangeira na região atrapalham a segurança”.

E não se esqueceu de referir que “a presença do regime sionista de Israel é desestabilizadora e causa insegurança, terror e sabotagem em toda a região”, disse na mensagem aos Emirados, país que normalizou as relações com Israel em 2020.

Segundo os jornais iranianos, o Sheikh Abdullah parece ter tentado assegurar a posição do Irão. “Os Emirados Árabes Unidos não permitirão que ninguém use o solo do seu país para ações contra os seus vizinhos e sempre levará em consideração a sua segurança”, disse.

Outro temor de Teerão é que a cimeira do GCC corra mal para os seus interesses. Biden participará na cimeira anual do GCC+3 com líderes do Conselho de Cooperação do Golfo da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Egipto, Iraque e Jordânia. O governo iraniano tem receio de que, nesse quadro, o presidente dos Estados Unidos tente isolar o Irão para combater as suas opções estratégicas.

Noutro lado da frente diplomática, o Irão tem feito todos os esforços por manter em aberto as negociações em torno do acordo nuclear de 2015, oficialmente conhecido como Plano de Ação Abrangente Conjunto (JCPOA), cujas negociações em Viena, Áustria, estão praticamente estagnadas, face às linhas vermelhas de cada uma das partes envolvidas – indiretamente envolvidas, no caso dos Estados Unidos.

Biden visitará o Médio Oriente de 13 a 16 de julho, começando por Israel. De seguida partirá para Jeddah, na Arábia Saudita, onde haverá a referida cimeira, que contará com a presença do presidente egípcio Abdel Fattah El Sisi, do rei da Jordânia Abdullah II e do primeiro-ministro iraquiano Mustafa al-Kadhimi.

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