A decisão de al-Sadr de deixar a política interna iraquiana semeou o caos em Bagdad, capital do Iraque, uma vez que os seus partidários se convenceram que o líder xiita cedia assim às pressões dos grupos rivais. Os seus apoiantes investiram sobre a Zona Verde – bairro onde se concentram os centros de decisão política e as principais embaixadas – e a violência que se seguiu resultou, segundo as agências internacionais, em pelo menos 30 mortos e mais de 700 feridos.
Mas bastou uma ordem de al-Sadr nesse sentido para os revoltosos se retirassem da Zona Verde e a violência se dissipasse – o que, se necessário fosse, serviria para provar a imensa força política que o líder xiita conserva nas suas mãos. “Peço desculpa ao povo iraquiano, o único afetado pelos acontecimentos”, disse al-Sadr à comunicação social a partir da sua base na cidade iraquiana de Najaf.
Num discurso passado nas televisões, al-Sadr deu aos seus apoiantes uma hora para saírem da Zona Verde e minutos depois a debanda geral começou. Pouco depois, o exército suspendeu um toque de recolher obrigatório em todo o país, imposto desde que a violência eclodiu na passada segunda-feira, aumentando as esperanças de que possa haver uma interrupção num dos surtos de violência mais mortal dos últimos anos no Iraque.
“Isto não é uma revolução”, disse al-Sadr no discurso. Os apelos à paz de várias autoridades iraquianas e das Nações Unidas não se fizeram esperar.
Durante a noite de segunda-feira e a manhã desta terça-feira, ocorreram confrontos entre os partidários de al-Sadr e o exército, apoiado por paramilitares nele integrados – e, segundo algumas fontes, ligados aos interesses do Irão no país.
Um funeral em massa foi realizado esta terça-feira em Najaf, cidade sagrada xiita, para alguns dos manifestantes mortos em Bagdad, o que veio aumentar a tensão – mas não tendo daí resultado novos distúrbios.
O governo iraquiano está num impasse desde que o partido de al-Sadr conquistou a maior parte dos lugares nas eleições parlamentares de outubro, mas não os suficientes para garantir um governo maioritário. Al-Sadr recusou-se a negociar com os seus rivais xiitas apoiados pelo Irão, e sua retirada esta segunda-feira lançou o Iraque numa incerteza política ainda mais profunda que a registada desde outubro, data das eleções.
Entretanto, e segundo a Al Jazeera, o Irão fechou as suas fronteiras com o Iraque esta terça-feira – um sinal da preocupação de Teerão face ao caos que se vai espalhando pelo Iraque e à possibilidade de ele passar as fronteiras.
A retórica nacionalista e a agenda de reformas de al-Sadr têm cahamado cada vez mais apoiantes para as suas hostes, principalmente entre os sectores mais pobres da sociedade iraquiana.