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Iraque: crise política pode acabar em guerra civil

Os protestos da fação ligada ao líder religioso Muqtada al-Sadr estão a lançar o Iraque no caos político. Reivindicam que o Supremo Conselho Judicial do país dissolva o parlamento e convoque novas eleições.
23 Agosto 2022, 16h10

O líder religioso xiita iraquiano Muqtada al-Sadr está a exercer forte pressão para que o Supremo Conselho Judicial do país dissolva o parlamento e convoque novas eleições que elejam uma assembleia capaz de formar um governo.

Em resposta, o Conselho Superior da Magistratura e o Supremo Tribunal Federal fizeram saber que, tendo recebido ameaças diretas, optaram por suspender as sessões judiciais e insistindo, como já tinham feito antes, que não têm autoridade para dissolver o parlamento e convocar eleições.

Os partidários do líder religioso xiita, que tem sido uma força crescente na política iraquiana na última década, são o maior partido no parlamento após as eleições de outubro passado, mas foram incapazes de formar um governo. Nesse quadro, al-Sadr ordenou que o seu bloco parlamentar renunciasse aos lugares – o que aconteceu em junho.

Rivais de al-Sadr apoiados pelo Irão – o que quer dizer que no Iraque há duas fações xiitas em confronto – protestaram pela decisão. Entre outras possíveis consequências, os analistas temem agora que o Iraque volte à guerra civil.

A agitação forçou o primeiro-ministro interino, Mustafa al-Kadhimi, a regressar ao país, abandonando uma cimeira regional que decorre no Egipto, tendo de imediato mostrado a sua oposição à dissolução do parlamento – ato que considera ser o primeiro passo para a ocorrência de “situações graves”. E pediu o reinício das negociações políticas.

“O direito ao protesto pacífico é um elemento essencial da democracia”, disse a ONU em comunicado. “Igualmente importante é a afirmação do cumprimento constitucional e do respeito pela instituição estatal. As instituições estatais devem operar sem pressões a ao serviço do povo iraquiano, incluindo o Supremo Conselho Judicial”.

Para os observadores, al-Sadr, que já foi próximo do Irão, derivou recentemente para uma postura nacionalista que o afastou do regime de Teerão. Os seus opositores, concentrados na coligação CFA passaram a contar com a preferência de Teerão – que aparentemente não quer perder a influência política que assume no Iraque desde que os Estados Unidos abandonaram o território, depois da invasão em março de 2003 (fortemente criticada pela maioria dos seus parceiros).

 

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