Badri Hosseini Khamenei, irmã do líder supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, declarou esta quarta-feira o seu apoio aos protestos antigovernamentais em andamento há cerca de dois meses – tornando-se assim uma voz de destaque ao lado dos iranianos que têm enchido as ruas para contestarem o regime.
“Acho que é apropriado declarar neste momento que me oponho às ações do meu irmão e expresso a minha solidariedade a todas as mães que lamentam os crimes da república islâmica, desde a época de Khomeini até à atual, um califado despótico de Ali Khamenei”, disse, citada pelas agências internacionais. A irmã do líder até agora incontestado do Irão escreveu uma carta que partilhada no Twitter pelo seu filho, Mahmoud Moradkhani, que mora em França, segundo adianta a agência Reuters.
Hosseini Khamenei, que mora no Irão, teria escrito que “os guardas revolucionários e mercenários deveriam depor as suas armas o mais rápido possível e juntar-se ao povo antes que seja tarde demais”.
O Irã está dominado por distúrbios desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia policial, em 16 de setembro, e enfrenta um movimento de greve geral de três dias que começou na segunda-feira. As greves têm sido uma das formas que os iranianos encontraram de protestar contra o regime, e têm sucedido com forte impacto no sector petrolífero.
Badri Hosseini Khamenei tem sido uma das vozes internamente mais críticas do Irão, tendo sempre colocado fortes dúvidas sobre a eficácia do regime dos aiatolas, e fá-lo desde que o fundador da república islâmica, Ruhollah Khomeini, desapareceu.
As guardas revolucionárias, grupo que atua diretamente sob as ordens de Khanenei, são um dos apetrechos mais usados pelo regime para manter a sua influência sobre os iranianos. O grupo é também responsável por atuações fora das fronteiras do país – pelo que é temido e perseguido por vários países.