Está a ser um ano muitíssimo proveitoso para os investidores. As bolsas renovam constantemente máximos históricos, o S&P500 valoriza cerca de 25% e também se registam subidas acima de 20% no Nasdaq e em boa parte dos índices europeus.

Nas matérias-primas, o cenário não é diferente com o índice CRB a disparar mais de 40%, num ano que fica marcado por forte alta, dos metais industriais às commodities agrícolas, passando pelo petróleo que ao cotar a mais de 80 dólares por barril já valoriza mais de 60% e torna ainda mais incríveis as cotações negativas de abril de 2020.

Com o dólar a ganhar mais de 7%, as rentabilidades em euros são ainda mais impressionantes. Mesmo o ouro já está em alta em euros, com um ganho superior a 6% e em máximos de mais de um ano. A bitcoin muito mais do que duplicou e, ao cotar acima de 60 mil dólares, pulveriza os preços cerca de 3000 dólares na primavera de 2020.

Não podemos descontextualizar estes movimentos de mercado sem termos em conta a pandemia, mas trata-se de um movimento histórico de atração de capitais. Entre a enxurrada de liquidez proporcionada pelos bancos centrais, com objetivo de limitar os danos económicos da Covid-19, a expectativa de inflação futura e o mantra “TINA” – There Is No Alternative [to invest in stocks] – o dinheiro tem fluído de forma constante.

Nas ações, o Bank of America fez as contas e concluiu que entrou mais dinheiro em 2021 do que o acumulado dos últimos 20 anos e quatro vezes mais do que o anterior melhor ano de sempre. Noutros mercados, o inflow relativo será certamente comparável.

A grande questão para 2022 é se tudo isto é sustentável. A História dos mercados está repleta de exemplos de preços que colapsam por falta de dinheiro fresco. Com os bancos centrais a sinalizarem aperto monetário, 2021 poderá ser um ano irrepetível do ponto de vista da gestão de ativos. Por outro lado, as perspetivas de crescimento e de inflação, continuam a dar alento a quem ainda investe, mesmo aos atuais preços.