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Isabel dos Santos: “Em nenhuma parte destes documentos foi demonstrado qualquer comportamento ilegal da minha parte”

Isabel dos Santos enviou um comunicado às redações acusando o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) de não ter provas contra ela e voltou a afirmar que esta campanha “é puramente política”.
  • DR Eneias Rodrigues/LUSA
20 Janeiro 2020, 19h43

Isabel dos Santos nega ter cometido qualquer tipo de ilegalidade ao longo da sua carreira e frisou que é “uma empresária privada que passou 20 anos a construir negócios de sucesso, a criar milhares de empregos e a pagar impostos às autoridades angolanas”.

Em comunicado enviado às redações esta segunda-feira, a filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, acusou o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), responsável pela divulgação dos documentos conhecidos por “Luanda Leaks”,  de se basear em meras “suposições”.

“Mais de 700.000 documentos foram ilegalmente pirateados dos meus escritórios há sete meses e transferidos para uma organização pouco conhecida sediada em Paris, de onde foram enviados para o ICIJ”, disse a empresária angolana. “O ICIJ e os seus parceiros mediáticos tiveram meses e meses a examinar estas supostas “provas” e mesmo assim as alegações extremamente sérias que fazem contra mim neste relatório baseiam-se em nada mais do que suposições”, salientou.

Isabel dos Santos reiterou que os “Luanda Leaks” são “um ataque político orquestrado e bem coordenado” para a “neutralizar”.

“O ICIJ afirma que os negócios que construí e os investimentos que fiz foram à conta dos angolanos. Mais uma vez, uma alegação extremamente séria e ainda assim nenhuma das supostas “provas” comprovam isto”, referiu a empresária angolana.

Isabel dos Santos frisou ainda que “grande parte dos meus investimentos e empresas tiveram como fundos o apoio de financiamento interno e externo junto da banca comercial à qual pago juros e prestações regulares”.

“Quando se questionam as origens dos fundos, na maioria dos casos são receitas geradas pelo próprio negócio e dividendos ganhos ao longo de 20 anos e que reinvesti”, disse.

“Trabalhei sempre dentro da lei e todas as minhas transações comerciais foram aprovadas por advogados, bancos, auditores e reguladores”, frisou Isabel dos Santos.

Situação económica em Angola

Isabel dos Santos deixou uma pergunta no ar: “quem beneficia do crime de obtenção ilegal destes documentos?”. “Não são certamente os angolanos”, respondeu.

A filha do ex-presidente de Angola, que tem nacionalidade russa, realçou novamente que esta “campanha” contra si “é puramente política”. “A economia angolana encontra-se muito mal. Ao longo dos últimos dois anos o preço do petróleo tem sido alto mas, apesar disso, a nossa moeda perdeu dois terços do seu valor e mais de 40% dos jovens angolanos não têm emprego”, disse Isabel dos Santos.

“As pessoas estão preocupadas com a capacidade do atual governo angolano de gerir as prioridades políticas”, revelou.

“Actualmente, em vez da redução da pobreza temos assistido ao empobrecimento de uma classe média que antes estava em crescimento e à destruição da economia privada com uma política económica desalinhada”, disse.

“Afirmei publicamente que, enquanto patriota, farei sempre o que sinto como dever para com o meu país e enquanto mulher angolana acredito fazer a diferença”, salientou Isabel dos Santos.

“Infelizmente, a falta do uso isento da lei e da Constituição nacional tem enfraquecido Angola. Procurarei repor a verdade dos factos e lutar através dos tribunais internacionais para defender o meu bom nome”, concluiu a empresária angolana.

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