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Isabel dos Santos nega transferências da Sonangol para ‘offshore’ no Dubai

Filha do ex-presidente de Angola nega transferência de 57 milhões de euros que, segundo imprensa angolana, terá sido efectuada para uma conta ‘offshore’ no Dubai, pertencente à Esperaza, já depois de ter sido exonerada do cargo de presidente da petrolífera.
19 Dezembro 2017, 13h10

Isabel dos Santos nega a existência de transferências realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior conselho de administração da Sonangol. Em causa está uma alegada transferência de 57 milhões de euros para uma conta offshore no Dubai, pertencente à sua empresa  Esperaza, onde detém 45%, já depois de ter sido exonerada do cargo de presidente petrolífera angolana.

“É falsa a notícia da existência de transferências realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior conselho de administração”, afirma Isabel dos Santos, numa declaração escrita enviada ao Jornal Económico e onde nega a transferência de 57 milhões para conta offshore no Dubai, bem como transferências mensais de 10 milhões de euros da Sonangol para a Efacec.

A revelação destas transferências foi pelo “Club-K” , tendo o site angolano dado conta da operação para o Dubai  terá sido feita a partir de uma conta da petrolífera estatal no Banco BIC de Portugal. Segundo esta publicação, a nova administração da Sonangol, liderada por Carlos Saturnino,  quer o dinheiro de volta e já terá comunicado o caso ao governador do Banco de Portugal.

Já sobre as transferências mensais de 10 milhões de euros, o “Club-K” avança que o novo conselho de administração da Sonangol descobriu  também que desde que foi nomeada pelo seu pai, José Eduardo dos Santos,  em junho de 2016, a ex-PCA Isabel dos Santos” transferia todos meses 10 milhões de euros da conta da petrolífera estatal, em Angola para uma outra da empresa Efacec, em Portugal”.

Recorde-se que Efacec é a  empresa portuguesa na qual Isabel dos Santos detém 66,1%  desde junho de 2015. Segundo o “Club-K”, as transferências foram justificadas, anteriormente por escrito,  como destinadas a conclusão de pagamento  de uma prestação de serviço que esta  empresa  terá prestado a Sonangol.

Segundo a edição de 17 de dezembro do “Club-K”, o novo conselho de administração da Sonangol, revela-se empenhado em resgatar  57 milhões de euros que a sua antiga presidente do conselho de administração, Isabel José dos Santos, terá transferido “injustificadamente” para uma conta offshore no Dubai, pertencente à sua holding Esperanza. A operação, diz o site angolano, foi feita a partir de uma conta da petrolífera estatal no Banco BIC de Portugal, dias depois de ela ter sido exonerada pelo novo chefe de estado angolano, João Lourenço.

Isabel dos Santos diz que nova administração não pediu esclarecimentos

O “Club-K” dá ainda conta que a nova administração da Sonangol, liderada por Carlos Saturnino, escreveu a Isabel dos Santos para que ela justificasse as razões que a levaram a fazer a transferência e que até ao momento ela não respondeu.

Contudo, na declaração escrita de Isabel dos Santos enviada às redacções, a ex-líder da Sonangol assegura que “nunca foram pedidos esclarecimentos sobre estes temas à anterior administração, não podendo, por isso, a mesma estar em falta com a prestação de qualquer informação”.  Na nota, a empresária refere ainda que “a anterior equipa sempre esteve disponível para clarificar as dúvidas que pudessem surgir relacionadas com a sua gestão”.

Na mesma declaração, Isabel dos Santos salienta ainda que “está neste momento montada uma campanha de difamação” contra si e que as notícias que têm vindo a ser publicadas pelos jornalistas Rafael Marques (jornalista angolano que mantém um website anticorrupção denominado Maka Angola) e Gustavo Costa (do Expresso) “não merecem qualquer crédito já que têm como única e exclusiva motivação pôr em causa a integridade” de Isabel dos Santos.

O “Club-K” assegura, no entanto, que além da carta dirigida à filha do ex-presidente angolano pela nova administração da Sonangol, após ter sido exonerada do cargo a 11 de novembro, juntam-se outros dois pedidos de esclarecimentos: um dirigido a Diogo Barrote, presidente do conselho de administração (PCA) do Banco BIC (Isabel dos Santos é uma das principais accionistas) e outro dirigido ao governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa.

“Paralelamente, e na ausência de uma  resposta, a  direção da petrolífera estatal envidou por outras démarches que foi escrever para o PCA do BIC de Portugal e ao governador do Banco de Portugal”, avança o site angolano.

BdP desconhece carta e BIC Portugal analisa

O Banco de Portugal assegura que, até ao momento, desconhece o alegado pedido de esclarecimentos da nova administração da Sonangol sobre a transferência de 57 milhões de euros para uma conta offshore no Dubai realizada por Isabel dos Santos através de uma conta da Sonangol no BIC Portugal.

“Até ao momento, o Banco de Portugal não recebeu qualquer pedido de informação”, avançou ao Jornal Económico fonte oficial do regulador português depois de questionada sobre a existência de um pedido de esclarecimentos sobre a autorização da transferência de Isabel dos Santos para uma conta no Dubai, numa altura em que a ex-presidente da petrolífera já não tinha competências para movimentar contas.

O Jornal Económico questionou  também Fernando Teixeira dos Santos, presidente executivo do BIC Portugal, sobre esta carta e realização de outros contactos posteriores com a administração do rebaptizado EuroBic, mas o CEO recusou fazer qualquer comentário. Mas o Jornal Económico sabe que a matéria está a ser analisada “ao pormenor” por esta instituição financeira, não tendo, até ao momento, detectado qualquer registo da transferência da conta da Sonangol para outra conta offshore no Dubai.

Nas cartas enviadas a estas duas entidades, segundo o Club-K,  o presidente da Sonangol solicitou esclarecimentos, tendo questionado como as autoridades reguladoras de Portugal autorizaram a transferência de Isabel dos Santos para uma conta no Dubai, numa altura em que a ex-líder da petrolífera angolana já não tinha competência para  movimentar as contas da empresa na sequência da sua exoneração do cargo.

O site angolano revela que há cerca de 14  dias, uma delegação da Sonangol, chefiada pelo presidente do conselho de administração,  Carlos Saturnino deslocou-se a Lisboa para reuniões com às autoridades tendo em conta que transferência – dos 57 milhões de euros –  é considerada ilegal e o objetivo da petrolífera é iniciar o processo de resgate deste montante em Portugal. A delegação regressou à Luanda, na passada terça-feira, 12 de fevereiro.

De acordo com o Club-K, a Sonangol  concluiu  que a operação dos “57 milhões de euros” foi feita por Isabel dos Santos,  feita num dia em que a mesma ficou no seu gabinete até as 22h e foi assessorada  pelo ex- administrador  Sarju Raikundalia e por um financeiro  Alcides Andrade. Este último é um ex-quadro da ESSO levado a Sonangol  pelas mãos do ex-administrador Edson de Brito Rodrigues dos Santos.

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