A mais recente capa do Charlie Hebdo sobre o duplo atentado terrorista ocorrido na Catalunha está a dar que falar. Na edição desta semana do jornal satírico francês, com a legenda escrita a vermelho “Islão, religião de paz… eterna”, é possível ver uma carrinha branca a fugir, depois de ter atropelado mortalmente duas pessoas.
O cartoon faz alusão ao ataque fatal que há uma semana vitimou 14 pessoas nas Ramblas de Barcelona, depois de uma carrinha ter entrado numa zona pedonal e atropelado centenas de pessoas que se encontravam na zona. No editorial da publicação, Laurent “Riss” Sourisseau, editor do Charlie Hebdo, justifica a capa com o facto de “os debates e as questões sobre o papel da religião e, em particular o do Islão, durante esses ataques desapareceram completamente”.
As críticas não tardaram a chegar e a publicação foi acusada de incentivar à “islamofobia” e à discriminação racial.
Entre as vozes mais críticas ao jornal está Stéphane Le Foll, ex-ministro socialista e antigo porta-voz do Governo do anterior presidente francês, François Hollande, que considera que as “confusões são muito perigosas”. “Dizer que o Islão é uma religião de paz dando a entender, no entanto, que é uma religião de morte é extremamente perigoso”, escreveu na conta oficial do Twitter.
#CharlieHebdo "Les amalgames sont très dangereux. Certains peuvent s'en servir. Je conteste cette une", réagit @SLeFoll #BourdinDirect pic.twitter.com/rvrv191rjt
— Jean-Jacques Bourdin (@JJBourdin_off) August 23, 2017
Em janeiro do ano passado, a sede do Charlie Hebdo foi alvo também de um ataque terrorista, devido à publicação de caricaturas “insultuosas” sobre o profeta Maomé. Dois irmãos, Cherif e Said Kouachi, entraram na redação do jornal e começaram a disparar sobre os jornalistas que se encontravam a trabalhar, causando 12 vítimas mortais. O auto-proclamado Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque.
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