O primeiro-ministro designado de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu que a coligação do seu partido, o Likud, com a extrema-direita religiosa, que está em formação, não imporá a “lei talmúdica” a Israel.
Em uma entrevista esta quarta-feira, Netanyahu foi questionado sobre a provável inclusão de figuras de extrema-direita no seu novo governo, particularmente o líder do Otzma Yehudit, Itamar Ben Gvir, um discípulo do falecido rabino extremista Meir Kahane.
“A política dominante do governo é determinada pelo Likud e, francamente, por mim. Acho que tenho alguma influência”, disse Netanyahu ao podcast ‘Common Sense’, do jornalista Bari Weiss. “Israel não será governado pelo Talmud”. E prometeu que “não vamos proibir os fóruns LGBT. Vamos continuar a ser um país de leis”.
O parceiro eleitoral de Ben Gvir, o líder do sionismo religioso Bezalel Smotrich, disse recentemente que quer que Israel seja governado pela lei judaica, e membros deste partido já disseram que vão pedir ao próximo governo a proibição em Jerusalém das parada do orgulho gay.
Por seu turno, o primeiro-ministro ainda em funções, Yair Lapid, disse que “o novo governo não acredita na Declaração de Independência ou no que David Ben Gurion [o primeiro primeiro-ministro do país, em 1948,m um socialista] nos disse: manter um Estado liberal e democrático de Israel. Um Estado judeu, mas não um estado religioso”. Lapid também acusou o próximo governo de não acreditar na igualdade da comunidade LGBT e dos israelitas não-judeus.
“Este é um governo eleito democraticamente, mas quer destruir a democracia. Democracia não é apenas a vontade da maioria. Democracia também é defender a minoria da maioria, a separação de poderes e a independência dos tribunais, a liberdade de expressão. E dizer a verdade”, acrescentou Lapid.
Netanyahu falou sobre as suas prioridades políticas. “A primeira coisa é impedir que o Irão nos aniquile”, disse. “A segunda é expandir o círculo de paz. A Arábia Saudita seria uma tremenda conquista, porque efetivamente acabaria com o conflito árabe-israelita. Mas não o conflito palestino-israelita”, frisou.
Netanyahu referiu ainda propostas de reformas judiciais defendidas pelos seus parceiros que reduziriam drasticamente o poder dos tribunais e poderiam levarr ao cancelamento do seu julgamento por corrupção, que se encontra em andamento.
“Tem que haver um equilíbrio entre os três ramos do governo. Esse equilíbrio foi desfeito de muitas maneiras em Israel pelo surgimento de um poder judicial sem controlo. Corrigi-lo não é destruir a democracia, é protegê-la”, afirmou.